Desde que estivemos Santa Catarina pela primeira vez em 2012, visitar as antigas instalações militares foi uma das nossas excursões prediletas. Naquela primeira vinda, conhecer as fortificações de Santa Cruz e Santo Antônio fazia parte do pacote turístico do passeio de escuna pela Baía Norte.
A literatura conta que as fortificações militares foram construídas pelos portugueses para defender a ilha de Santa Catarina, ambicionada por piratas que circulavam pelo Atlântico Sul e pelos espanhóis que precisavam de um porto intermediário entre a Europa e o rio da Prata.
Em um dos livros de história que tenho encontrei referências sobre o Forte São João, que foi erguido no continente, com a finalidade de “cruzar fogos com o Forte de Santana” do outro lado do canal.
O marechal Cândido Caldas, autor da História Militar da Ilha de Santa Catarina – Notas (Editora Lunardelli/1992, Florianópolis), escreve exatas onze linhas sobre o Forte São João, cuja obra foi iniciada em 1793, com planta (projeto) do sargento-mor Joaquim Corrêa da Serra, armado com seis canhões de bronze, retirados da Fortaleza de Santa Cruz. O conjunto era composto pelo Quartel da Tropa (alojamento), Casa de Pólvora, Bateria e era circundado por uma muralha de alvenaria.
Apesar da necessidade estratégica da linha de defesa, os portugueses foram negligentes na manutenção das fortalezas, que logo ficaram necessitando de reparos, com o armamento obsoleto e com as guarnições insuficientes para qualquer batalha.
O Forte precisava de muitas reformas e foi feito um projeto para construir um novo prédio no local, mas não foi executado. O lugar passou à condição de depósito de pólvora até ser demolido e o que restou das construções foi soterrado para as obras da cabeceira da ponte nos anos 1922 e 1923.
Em uma das minhas leituras, vi que ainda havia resquícios do antigo forte e guardei a informação nos meus arquivos cerebrais. Na manhã de sábado (30), fomos bater-pernas pelo bairro do Estreito – a porção continental mais próxima da ilha de Santa Catarina, onde foi construída a ponte Hercílio Luz, inaugurada em 1926 e sugeri à Marcela que fôssemos procurar o que restou da fortaleza do século XVIII.
Encontramos só um amontoado de pedras e o resto de uma construção em alvenaria do que foi a muralha. Não existe mais o túnel, descrito na matéria que me inspirou a busca, possivelmente também foi demolido na reforma da ponte Hercílio Luz, já que ficava no canteiro de obras.
Ainda não encontrei reproduções do aspecto da fachada da fortaleza.
* Homenagem ao Indiana Jones