01 de maio de 2022

Em busca da fortaleza perdida*

Por José Carlos Sá

Desde que estivemos Santa Catarina pela primeira vez em 2012, visitar as antigas instalações militares foi uma das nossas excursões prediletas. Naquela primeira vinda, conhecer as fortificações de Santa Cruz e Santo Antônio fazia parte do pacote turístico do passeio de escuna pela Baía Norte.
A literatura conta que as fortificações militares foram construídas pelos portugueses para defender a ilha de Santa Catarina, ambicionada por piratas que circulavam pelo Atlântico Sul e pelos espanhóis que precisavam de um porto intermediário entre a Europa e o rio da Prata.
Em um dos livros de história que tenho encontrei referências sobre o Forte São João, que foi erguido no continente, com a finalidade de “cruzar fogos com o Forte de Santana” do outro lado do canal.
O marechal Cândido Caldas, autor da História Militar da Ilha de Santa Catarina – Notas (Editora Lunardelli/1992, Florianópolis), escreve exatas onze linhas sobre o Forte São João, cuja obra foi iniciada em 1793, com planta (projeto) do sargento-mor Joaquim Corrêa da Serra, armado com seis canhões de bronze, retirados da Fortaleza de Santa Cruz. O conjunto era composto pelo Quartel da Tropa (alojamento), Casa de Pólvora, Bateria e era circundado por uma muralha de alvenaria.
Apesar da necessidade estratégica da linha de defesa, os portugueses foram negligentes na manutenção das fortalezas, que logo ficaram necessitando de reparos, com o armamento obsoleto e com as guarnições insuficientes para qualquer batalha.
O Forte precisava de muitas reformas e foi feito um projeto para construir um novo prédio no local, mas não foi executado. O lugar passou à condição de depósito de pólvora até ser demolido e o que restou das construções foi soterrado para as obras da cabeceira da ponte nos anos 1922 e 1923.
Em uma das minhas leituras, vi que ainda havia resquícios do antigo forte e guardei a informação nos meus arquivos cerebrais. Na manhã de sábado (30), fomos bater-pernas pelo bairro do Estreito – a porção continental mais próxima da ilha de Santa Catarina, onde foi construída a ponte Hercílio Luz, inaugurada em 1926 e sugeri à Marcela que fôssemos procurar o que restou da fortaleza do século XVIII.
Encontramos só um amontoado de pedras e o resto de uma construção em alvenaria do que foi a muralha. Não existe mais o túnel, descrito na matéria que me inspirou a busca, possivelmente também foi demolido na reforma da ponte Hercílio Luz, já que ficava no canteiro de obras.
Ainda não encontrei reproduções do aspecto da fachada da fortaleza.
* Homenagem ao Indiana Jones

Vista de estrutura remanescente, túnel com cobertura abobadada, que pertenceu ao antigo Forte de São João do Estreito Ademilde S. Sartori Acervo do Projeto Fortalezas Multimídia UFSC Data: 1999 – Fortalezas.Org (Reprodução)

À esquerda da foto, vista de estrutura remanescente do túnel com cobertura abobadada, junto às obras de construção da ponte Hercílio Luz – Acervo de Edson Silva – Data 1999 – Fortalezas.Org (Reprodução)

Projeto para reforma da Fortaleza São João. Não foi executado – Fonte História Militar da Ilha de Santa Catarina (Reprodução)

O que resta hoje da antiga fortaleza (Foto JCarlos 30042022)