No Brasil o serviço de “acompanhantes” é um eufemismo para profissionais do sexo. No Japão, não.
Acompanhante é acompanhante, que pode ir com você a um casamento em que o convite “sugere” um acompanhante ou servir de companhia para que alguém não se sinta sozinho durante a realização de uma tarefa que exija concentração, pois o profissional de que estou falando só abre a boca se for provocado.
Para mim é novidade, mas só tomei conhecimento a partir da repercussão de uma matéria publicada sábado (19/03) pelo jornal The Washington Post com a história de Shoji Morimoto, japonês de 38 anos, que se aluga para as mais diferentes funções – sexo não está na lista – e em todas ele não faz absolutamente nada, a não ser cara de paisagem.
A reportagem conta que Morimoto cobra 10.000 ienes por sessão (10.000 Ienes = 75 Euros = 406,66 Reais), que pode ser, segundo o texto “(…) esperar no fim da maratona por um corredor que queria ver uma cara conhecida; fazer companhia a alguém que estava acabando uma tese, só porque poderia distrair-se se estivesse sozinho”; acompanhou uma família na estação de trem, que queria alguém dando um tchau com a mão na hora em que eles embarcassem; foi o único convidado de um aniversário; também foi o único convidado para o jantar de um homem que morava sozinho.
O serviço chama-se “aluguel de estranho” e a profissão de Shoji já inspirou uma série de tevê e, pelo menos, três livros, um deles, escrito pelo próprio auto-alugador.
Sei que a cultural oriental é muito diferente da nossa, mas vejo isso como uma saída da solidão que muita gente busca, mas que não dá para sem 100%.