20 de março de 2022

Camaleão – A resenha de hoje

Por José Carlos Sá

Ilustração original do conto (Reprodução)

Para começar, soube desse conto através do site Russia Beyond, que publica artigos sobre a cultura russa. Não deixei de assinar o boletim por causa da invasão da Ucrânia, até por que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Um dos temas desta semana foram os contos de Anton Tchekhov, que também não cancelei, até por que ele viveu de 1860 a 1904, analisava em suas obras, com extrema ironia, os costumes e o moralismo da época e não tem nada a ver com o camarada Vladimir Putin.

No conto “Camaleão”, de 1884, Tchekhov descreve uma situação em que o policial – o inspetor de polícia Ochumelov – atende a uma ocorrência banal, mas vai mudando de opinião e de atitude à media em que se alteram os status dos envolvidos.

A atenção do inspetor é atraída por uma gritaria no meio do mercado. Um homem mostra um dedo sangrando e acusa um cão da raça borzoi, ainda filhote, de tê-lo mordido. De imediato a autoridade determina ao subordinado, o policial Eldirin, que sacrifique o animal e multe o proprietário. Do meio da multidão alguém informa que o cão pertence ao general Zhigalov.

O inspetor, diante desta nova circunstância, interroga o queixoso: – Uma coisa que eu não entendi ainda foi como ele mordeu você? – Como ele conseguiu chegar até o seu dedo? – Um cão tão pequeno e você um sujeito tão grande e robusto! – Você deve ter é arranhado esse seu dedo com um prego e imaginado um jeito de fazer dinheiro com isso. – Eu conheço bem vocês, um bando de demônios!

Antes que Khryukin, o ferreiro, pudesse responder, outra testemunha informa ao inspetor que o cachorro mordeu o dedo do homem porque este queimou o focinho do animal para fazer graça. Porém o policial auxiliar entrou na conversa para dizer que o general não tem cães daquela raça, mas sim cães pointer, que é uma raça inglesa especializada na caça.

Ochumelov mudou de opinião novamente e disse que o cachorro envolvido no rolo era um vira-latas e deveria levar uma lição e que Khryukin era realmente a vítima. O policial Eldirin ainda tinha dúvidas sobre quem realmente era o dono do cachorro, pois teria visto um cão parecido com aquele no quintal do general.

Uma diligência à casa do general foi determinada para esclarecer o assunto. Antes que isso ocorresse, o cozinheiro do militar chegou ao mercado e disse que o cão não era deles.

“É um cão vadio! (…) Destrua esse animal e terminemos esse assunto!”, apressou-se o inspetor. O cozinheiro então esclareceu: – Não é do general, mas é do irmão dele, que veio morar na cidade!

– Então o cachorro é dele? – De Vladimir Ivanich? Fico feliz! – Pegue-o… – É um ótimo cachorrinho! Que filhotinho!

Assim são as criaturas…

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Anton Tchekhov Dmitry Kardovsky Guerra da Ucrânia presidente Vladmir Putin Russia Beyond 

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