Há muito tempo eu não assistia a um filme sentado na beirada da poltrona, roendo as unhas dos vinte dedos. Mesmo antes do personagem principal se injetar adrenalina, a minha, natural, já estava circulando no sangue ao seguir o desenrolar do enredo. Fui para o cinema sabendo o mínimo possível sobre o filme, para não estragar a novidade.
E fui recompensado por um Batman tenso, violento, se confessando com medo, mas ao mesmo tempo ágil nas deduções e bom de volante e na condução da Batmoto nas boas sequências de perseguição. As cenas, em sua maioria, escuras, deram um ar de melancolia à Gothan City, que, cá para nós, não tem tido muita sorte. Está pior que a cidade de Nova Iorque, sempre aparece alguém que destrói tudo.
Sou batmaníaco*, mas não sou fanático, por isso fiquei sabendo depois as relações do filme The Batman com o universo do herói, no caos, o Bruce Wayne, como a morte dos avós maternos; a mãe, que esteve internada em um asilo de doentes mentais (Arkham Asylum); ou o pai, que teria mandado matar um jornalista indiscreto. Há outras referências às histórias em quadrinhos que fui sabendo ao ler as resenhas à posteriori (sempre quis usar esta expressão).
Para resumir, vale a pena segurar o xixi nas três horas – 2h57min, oficialmente – que dura o filme e que você não vê passar o tempo, aliás, você entra no tempo de Gothan City, entre um tiroteio e outro, entre uma bomba e outra e em meio às charadas que só o Batman e o Alfred decifram. Bons desempenhos dos atores, que tiveram uma direção e um roteiro que abre a oportunidades de mais, pelo menos, três filmes acompanhando cada pista deixada no filme atual.
Recomendo.
*Batmaníaco, pero no mucho. A Marcela perguntou-me por que gosto do Batman. Respondi que ele é humano, sangra e pode morrer. Esse diálogo foi domingo, após o café da manhã. À noite eu já tinha outra opinião. O cara ficou na frente de um homem-bomba, que explodiu e acordou dando porrada nos policiais; depois levou um tiro de escopeta à queima-roupa e daí a pouco estava salvando as vítimas do atentado… Eu estava enganado. Ele não é humano.