Guardei “um recorte” da coluna do jornalista Cacau Menezes em que ele comenta o comportamento dos pedestres ao atravessar as ruas nas faixas destinadas a eles. Escreveu Cacau: “Correr pra quê? – Coisa estranha quando você para seu carro na faixa de pedestre, como manda a lei de trânsito, e a pessoa que vai atravessar começa a correr, como se fosse um corpo estranho no asfalto. Chega a ofender o motorista que respeita a faixa, ao contrário do pedestre, que faz o que não é preciso. Correr pra quê, se o seu direito de atravessá-la caminhando está assegurado. Impressão é que o pedestre não sabe disso. E tem outros que atravessam e agradecem ao carro que parou” (ND – 23/02/2022).
Quando aqui chegamos também estranhei a correria e os agradecimentos. O pedestre atravessa a faixa correndo porque nem todo motorista, motociclista e ciclista obedece à preferência de quem está nela. Hoje (04/03) mesmo vimos um carro desviando do pedestre que estava na faixa, para não ter que parar. É comum eu estar parado, com pisca-alerta aceso (para não baterem no nosso carro) e um motociclista ultrapassar pela direita, quase atropelando o pedestre, ou o carro que vem no sentido contrário passa direto tirando fino do pedestre que está atravessando. Já aconteceu com a Marcela e comigo.
Na região em que moramos, o suposto engenheiro de tráfego da Prefeitura de São José distribuiu as faixas de travessia de pedestres de forma irregular e completamente louca. Há ruas em que a cada dez metros tem uma faixa; em outras ruas movimentadas não há uma sequer, isso sem dizer daquelas pintadas em locais que não são visíveis de longe, como no alto de lombadas. É por isso que os pedestres atravessam a rua na faixa deles correndo, nobre colunista.
As faixas de pedestre foram adotadas no Brasil em 1997, quando o número de pedestres que morriam atropelados ao atravessar as vias de Brasília estava elevado. A primeira providência foi fazer com que os motoristas reduzissem a velocidade. O diretor do Detran-DF (Departamento de Trânsito do DF) na ocasião, Luís Miura, que defendeu a implantação das faixas, dizia que a cidade foi feita para os carros, não para os pedestres. Quando a ideia se estendeu pelo país, lembro de uma campanha cujo mote era: “Atravesse na faixa para não se enfaixado”. Os motoristas e motociclistas também já foram alvo de campanhas educativas, mas nem todo mundo pegou a ideia.