11 de janeiro de 2022

História Militar da Ilha de Santa Catarina – Notas – A resenha de hoje

Por José Carlos Sá

A Fortaleza de São José da Ponta Grossa foi construída no norte da ilha de Santa Catarina, por onde o invasor chegou (Foto JCarlos 01092019)

Em setembro de 2019 visitamos a Fortaleza de São José da Ponta Grossa, no norte da ilha de Santa Catarina. Em um dos painéis explicativos sobre o local, li que a guarnição daquela praça militar, importante na defesa da província, foi a primeira a se render aos espanhóis na invasão de 1777. Nas demais fortalezas oficiais e soldados fugiram para o continente e os invasores não tiveram qualquer resistência, ocupando este ponto estratégico para prosseguir na campanha de retomar terras que os portugueses haviam “ocupado”, considerando o Tratado de Tordesilhas.

A missão de D. Pedro de Ceballos era garantir para a Espanha a posse da ilha de Santa Catarina e rumar para o sul, expulsando os portugueses da Colônia Sacramento, no atual Uruguai. A missão foi cumprida com êxito.

Quando li sobre a atitude do comandante da Fortaleza ter se rendido sem reação, fiquei indignado. Mas naquele tempo eu não sabia o que sei agora, como diria Dolores Duran, e não teria feito mau juízo do comandante da guarnição, o capitão Simão Rodrigues Proença. Qualquer reação seria inútil, pois eram dez mil homens, divididos em 97 navios mercantes, mais 20 navios de guerra e 670 canhões.

A linha de defesa da Ilha estava mal aparelhada. No sentido horário: São José da Ponta Grossa, Santo Antônio, Santa Cruz, Sant’Ana e Santa Bárbara (Fotos Marcela Ximenes e JCarlos)

A esquadra espanhola veio para valer e a linha de defesa da Ilha era falha. As fortificações não recebiam manutenção em suas estruturas e os canhões, apesar da quantidade, não representavam qualquer ameaça. Se fossem usados, não tinham alcance nem eficácia na mira. Já naquela época estavam obsoletos. Algumas dessas armas ainda foram usados, para fazer barulho, na Revolta da Armada em 1893.

O autor narra o processo de construção e abandono de cada praça militar da Ilha de Santa Catarina (Reprodução)

No livro História Militar da Ilha de Santa Catarina – Notas, da Editora Lunardelli (Florianópolis, 1992), o autor Marechal Cândido Caldas detalha cada uma das fortificações construídas para defender este ponto estratégico, importante na época das navegações para se alcançar o rio da Prata no extremo sul do continente. Também é mostrado que apesar das fortalezas serem importantes, as Cortes Portuguesas, a partir de D. João V, recomendaram economia no uso do dinheiro e todo mundo conhece o velho ditado: “a economia é a base da porcaria”. E deu no que deu.

As fortificações construídas pelos portugueses na Ilha de Santa Catarina e relacionadas no livro, são:

  • Fortaleza de Santa Cruz (Já visitamos)
  • Fortaleza de São José da Ponta Grossa (Já visitamos)
  • Forte de Santo Antônio (Já visitamos)
  • Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba (Há vestígios na ilha de Araçatuba)
  • Forte de Sant’Ana (Em reforma)
  • Forte de São Francisco (Não há vestígios)
  • Forte de São Caetano (Há vestígios)
  • Forte de São Luiz (Se há vestígios, estão sob o asfalto da avenida Beira-Mar norte)
  • Forte de Santa Bárbara (Já visitamos; completamente desfigurado)
  • Forte de São João (Há vestígios na parte continental de Florianópolis)
  • Forte de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa (Não há vestígios)

O estilo  do livro é o que o nome diz: “notas”. A impressão é que o marechal Cândido Caldas (Florianópolis 1889 – Rio de Janeiro 1966) foi fazendo anotações sobre o assunto e depois da morte dele algum familiar mandou imprimir, sem uma edição mais apurada. Atende ao que se propôs.

Tags

Ilha de Santa Catarina Invasão espanhola São José da Ponta Grossa 

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