Se dependesse somente do trailer do filme, das indicações para o Globo de Ouro e para o Oscar 2022, ou pela participação do ator inglês Benedict Cumberbatch, de quem gostamos pelas interpretações de Sherlock Holmes na série (Sherlock, Netflix 2010-2017) e Dr. Estranho (Doctor Strange, Disney 2016), eu não assistiria Ataque dos Cães (The power of the dog, Netflix 2021). Não fui atraído pelo trailer nem pela sinopse que li sobre o filme. A Marcela me convidou para assistirmos juntos e o fizemos na noite da véspera de natal. Eu com um pé atrás.
O filme me surpreendeu. É um faroeste onde os cowboys são só isso: vaqueiros. Em cena não há armas de fogos, mas uma arma pior, a opressão de um homem sobre os que o cercam, como é o caso do protagonista Phil Burbank (Cumberbatch). Ele mantém em estado prepotência constante o irmão, a cunhada e o filho desta, além de preferir queimar as peles das reses que morrem no rancho a dá-las para os índios, que também são expulsos de suas terras.

O ator Kodi Smit-McPhee interpreta o adolescente Peter, que também sofre com as brincadeiras de mau gosto de Phil (Foto Divulgação)
O machismo de Phil vai se dissolvendo quando o espectador entende que a relação dele com seu mentor Bronco Henry, que é citado o tempo todo mas não é visto, é mais do que entre aluno e professor. Quando o adolescente – filho da cunhada – entende isso e vê como Phil trata a mãe dele, resolve se vingar e o faz de uma maneira engenhosa e inesperada, se justificando com a citação do Salmo 22 versículo 20, que diz, em uma das versões da Bíblia: “Livra-me da espada, livra a minha vida do ataque dos cães”.
Recomendo o filme. Inclusive para o Oscar.