O jornal O Globo de sábado (04/12) trouxe matéria sobre a vila ribeirinha de Rosarinho, no rio Madeira, no município de Autazes – AM. O texto informa que a localidade tem apenas 50 habitantes, mas que existem cerca de três mil garimpeiros nas mais de 400 balsas apoitadas no leito do rio, nas proximidades.
A população, descendente da etnia Mura, sofre com a fumaça gerada pelos motores movidos a óleo diesel, que trabalham 24 horas sem parar. Também há a poluição gerada pela queima do mercúrio e pelo descarte de resíduos do metal, usado para separar o ouro, nas águas.
Os moradores mais jovens da vila já migraram para o garimpo, segundo a reportagem. O autor da matéria, porém, não descreve o impacto do garimpo na vila, que deveria ter sido pacífica antes da chegada dos garimpeiros. Há estudos que mostram que em toda “fofoca” (agrupamento de balsas) ocorre o tráfico de drogas e a prostituição.
Baú do Zé
No governo Piana (1991 – 1995), o garimpo estava a toda no rio Madeira. Um dia o presidente da associação de moradores e produtores rurais da localidade de São Miguel, poucos quilômetros de distância rio abaixo de Porto Velho, procurou a primeira dama dona Hélia Piana, que era presidente da FASER (Fundação de Assistência Social do Estado de Rondônia), reclamando dos garimpeiros, que roubavam as galinhas dos moradores, ficavam com “enxerimento” com as mulheres – não respeitando a idade -, além de fazerem muito barulho, não só com os equipamentos, como com aparelhos de som, durante toda noite.
Uma assessora da Fundação acompanhou o líder comunitário até o Departamento de Comunicação para que a denúncia fosse divulgada na imprensa. Eu recebi e entrevistei o ribeirinho, redigindo um release que foi distribuído à Imprensa junto com outros textos de interesse governamental. O assunto, como não poderia deixar de ser, teve muita repercussão, ganhando as manchetes dos jornais, além de notas nos telejornais e nas rádios.
Resultado: O queixoso voltou ao Decom para pedir que divulgássemos um desmentido, pois estava sendo ameaçado de morte pelos garimpeiros e precisou se esconder na casa de amigos em Porto Velho, com medo de retornar a São Miguel.
Não sei como o assunto terminou, pois os garimpeiros ficaram ainda um bom tempo com suas balsas no trecho do rio Madeira entre a cachoeira de Santo Antônio – acima de Porto Velho, até perto da cidade de Humaitá, já no estado do Amazonas.