15 de novembro de 2021

Isabel e Deodoro

Por José Carlos Sá

A ironia da vida colocou próximas no calendário duas datas importantes e diferentes mas, de certa forma, fazem parte de um mesmo contexto.

A princesa Isabel e o símbolo da República (Imagem página Brazil Imperial/Facebook)

 

Hoje  se comemora os 132 anos da Proclamação da República e ontem, 14 de novembro, foi o centenário de morte da princesa Isabel, que era a herdeira natural do Império do Brasil, que terminou em 1889.

Os aspectos e razões porque a República foi proclamada ainda dividem as opiniões dos estudiosos e historiadores, estando a Abolição da Escravatura, em 13 de maio de 1888, como uma das causas principais da mudança do regime no Brasil. A elite escravagista não teria ficado satisfeita, evidentemente, com a proibição da exploração da mão de obra dos africanos trazidos contra a vontade para trabalhar em cafezais, canaviais, charquearias, fazendas de gado, empregados domésticos, de aluguel ou de ganho, enfim, exercer todas as atividades laborais para o enriquecimento dos senhores e sinhás.

As ideias Positivistas também estavam bem disseminadas no Exército e na Marinha Imperial, contagiando dos alunos-cadetes da Escola Militar aos oficiais de alta patente. Naquela época o modelo adotado pela forças armadas era o francês. A Missão Militar Francesa foi responsável pelo aperfeiçoamento profissional dos militares brasileiros, trazendo, embutido na transmissão dos conhecimentos de militança, o germe da República, como forma de governo que se acreditava ser a mais adequada.

A última foto da princesa Isabel ainda em vida, em 1921, em Paris (Página Brazil Imperial/Facebook)

A princesa Isabel escreveu em seu diário ao ser informada do golpe militar: “Eram 10 da manhã do dia 15 de Novembro de 1889 quando à casa chegaram o visconde da Penha e o barão de Invinheima, declarando-nos que diziam parte do Exercito insurgido, e na Lapa achar-se um batalhão ao qual se tinham reunido os estudantes da Escola Militar armados. (…) Se nos expulsam, a mim e a minha familia, pelo que assinei ali [Abolição da Escravatura], repostas as cousas como dantes, hoje eu tornaria a escrever o meu nome sem vacilação”.

O general Deodoro da Fonseca ao lado do marechal Gastão de Orléans – Conde D’Eu, foi monarquista até o final (Foto Marc Ferrez/1885)

Quem ficou com a consciência pesada foi o marechal Deodoro da Fonseca, que fez a proclamação da República a contragosto. tendo dado um “viva ao imperador”, mas sua voz foi abafada pelos vivas à República gritado pelos amotinados.

E a história seguiu seu rumo.