12 de novembro de 2021

Quando o evento acaba mas não termina

Por José Carlos Sá

Uma das reuniões da COP26 (Foto COPP/26 – Divulgação)

A COP26 (26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) deveria ter acabado nesta sexta-feira, 12, mas não deu, foi prorrogada para amanhã, se tudo der certo. E o que falta para terminar este encontro de treze dias? A carta.

Todo encontro que se preza deve divulgar ao final uma carta contendo, em resumo, o que foi tratado e os compromissos assumidos pelos participantes, no caso da COP26, 197 nações, sendo capitaneados pelos maiores emissores de gases de efeito estufa, Estados Unidos e China, que para o documento final divergem, como de resto, em qualquer assunto. Os emissários trabalharão toda noite e madrugada para o martelo ser batido amanhã, com uma promessa de solução sino-americana. Será?

Sem datilógrafos

De Glasgow, na Escócia, pego uma máquina que viaja no tempo (retornando para 1988) e no espaço (8.260 km) até Manaus – Amazonas, onde aconteceu o Encontro Nacional dos Vice-Governadores, sendo o mais conhecido o humaitaense Almino Monteiro Álvares Afonso (PDT), então vice-governador de São Paulo, na administração de Orestes Quércia (PMDB).

A reunião começou com as boas vindas do anfitrião, o vice-governador do Amazonas Vivaldo Frota (PFL), e muitos discursos. Em seguida foi servido um almoço (um senhor almoço!) oferecido pelo governador Amazonino Mendes (PMDB), no Palácio Rio Negro. Após o banquete retornamos para o local do encontro, em um espaço antigo e eu não sei que setor do governo funcionava lá.

Precisavam que datilografassem o documento final do Encontro. Sobrou para quem? (Foto divulgação)

Terminado o encontro, veio um assessor do vice-governador, que funcionou com secretário da reunião, procurar o pessoal do apoio para datilografarem a carta que seria assinada por todos os participantes e divulgada nas bases de cada um deles. Acontece que era sexta-feira, dia de horário corrido. Todos os funcionários foram embora às 13 horas e quando voltamos do ágape notei que não havia movimento algum, a não ser o pessoal dos serviços gerais. Foi um corre-corre, naqueles tempos os telefones celulares ainda eram coisas dos filmes do Agente 86 e de alguma obra de ficção científica, e nenhuma das funcionárias do “pool de redação” foi localizada.

Sobrou para quem? Sim, para o assessor do vice-governador de Rondônia. Mostrei que o meu curso de datilografia, feito quando estava na Aeronáutica, não foi em vão. Claro que a carta, depois de datilogafada com esmero e (nem tanto) carinho, voltava toda rabiscada e eu fazia tudo de novo, até que finalizaram o documento que foi lido, achado de acordo e o encontro foi encerrado.

Ainda teve um jantar no Tropical Hotel, dos quais – jantar e hotel – não me esquecerei jamais e, para terminar, um passeio no iate da CEAM (Companhia Energética do Amazonas) na manhã de sábado pelos igapós e pelo indefectível “encontro das águas”. No iate, outro banquete, com tambaquis assados e uísque a vontade.

Foi o meu pagamento pelo serviço de datilografia.

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