Lendo sobre o acidente aéreo sexta-feira (5/11) ocorrido no interior de Minas Gerais, em que morreram os cinco ocupantes de um avião, entre eles a cantora e compositora Marília Mendonça, me fez lembrar a precariedade dos “campos de aviação” nos tempos em que trabalhei como assessor de imprensa no governo de Rondônia.
Em Espigão d’Oeste (540 km de Porto Velho), o “aeroporto” ficava na entrada da cidade e na cabeceira próxima à rodovia RO-387 havia uma linha de rede elétrica e o piloto tinha que passar sobre os fios, já com o trem de pouso baixado, para depois aterrissar. Sim, podia aterrissar pela outra cabeceira, mas nem sempre o vento permitia essa alternativa.
Ainda em Espigão, houve uma ocasião em que o piloto posicionava o aparelho para decolar e uma das rodas caiu em um formigueiro, a hélice bateu no solo e a aeronave ficou avariada. Fomos – os cinco passageiros – para Cacoal em um carro pequeno. O chefe sentado na frente com o motorista e os outros quatro imprensados no banco de trás.
Uma cerca de arame farpado era o obstáculo existente na pista de aterrissagem na cidade de Colorado do Oeste, a 759 km da Capital, no sul do Estado de Rondônia. Uma das cabeceiras está localizada às margens da BR-435 – onde havia a cerca – e quando o avião se aproximava do solo, eu me agarrava ao braço da poltrona e levantava os pés. Providência inútil, caso ocorresse um acidente.
A pista antiga de Rolim de Moura, em uma parte alta da cidade, não era plana. De uma cabeceira não se enxergava a outra extremidade da pista. Certa vez estávamos do lado da pista próximo à rodovia RO-479, aguardando a chegada do governador Jerônimo Santana. Vimos o avião fazendo o procedimento de pouso e depois ele desapareceu. Eu não sabia do desnível do campo de aviação e prendi a respiração aguardando o pior. Só voltei a respirar novamente quando vi a nuvem de poeira que estava sendo levantada pelas hélices, enquanto a aeronave taxiava e se aproximava de nós.
Além disso, já contei aqui, que um vizinho do aeroporto de Pimenta Bueno prendia o gado dele na pista de pouso, que era cercada; no aeroporto antigo de Cacoal, não apararam as embaúbas que cresciam nas cabeceiras da pista e a roda do avião do governador bateu nas folhas de uma árvore; e que em Ji-Paraná – já com a pista homologada – havia um trânsito constante de carroças dos agricultores que moravam nas imediações pelo leito da pista.
Como diz o matuto: Se fosse para nós voarmos, Deus tinha nos dado asas.