Gosto de fotografar monumentos e saber o que aquelas obras plásticas representam, quem foram e o que fizeram para merecer estar ali na praça servindo de latrina para os pombos. Estas estátuas são algumas que encontrei pelas ruas e praças de Florianópolis.
O busto de Anita Garibaldi instalado na Praça Getúlio Vargas, no centro de Florianópolis, é o primeiro monumento erigido à heroína em Santa Catarina, Foi inaugurado em dezembro de 1919, e é a quarta homenagem feita à Anita no Brasil. O formato da escultura é a denominado “herma”, que remete ao deus grego Hermes e designa uma representação apenas da cabeça, pescoço e parte do tronco erguido sobre um pedestal. É mais usual ser denominado de “busto”.
Já na praça Fernando Machado, que é uma extensão da praça XV de Novembro no centro histórico, podemos ver a estátua do homenageado, o coronel Fernando Machado de Souza, nascido na Vila de N. S. do Desterro, em 1822 e morto na Batalha de Itororó, na Guerra do Paraguai, depois de ter lutado contra os farroupilhas, em Laguna – justamente contra as tropas comandadas por Giuseppe Garibaldi, àquela altura já acompanhado por Anita -. Além da praça, Fernando Machado de Souza também dá nome à rua em que nasceu.
Hercílio Luz, nasceu em Desterro, foi senador da República e governador de Santa Catarina por três vezes. Antes de entrar para a política foi juiz em Lages (SC), engenheiro, foi o responsável por melhorias no sistema de transporte estadual, inclusive o transporte marítimo e fluvial. Deixou várias obras, com destaque para a ponte pênsil que leva seu nome. Contra si tem a pecha de propor e conseguir a mudança da denominação da capital de Santa Catarina, de Desterro para Florianópolis, três dias após ter tomado posse como interventor em outubro de 1894 e meses após o “massacre de Anhantomirim”, onde foram fuzilados, degolados ou enforcados cerca de 200 pessoas (o número varia, mas sempre para mais de 185 mortos) que eram suspeitos de fazer oposição ao regime republicano.
O médico, cientista e sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917) percorreu o Brasil combatendo endemias e propondo soluções para as questões sanitárias, é homenageado com um discreto busto em frente ao Centro de Saúde Pública, na esquina da rua Felipe Schmidt com avenida Rio Branco, escondido por goiabeiras e outros arbustos.
Deixei para o final a escultura que retrata o povoador, capitão-mor da Ilha de Nossa Senhora do Desterro e fundador do povoado de mesmo nome, hoje Florianópolis, o bandeirante vicentino Francisco Dias Velho. Ele recebeu terras da Coroa Portuguesa para colonizar pacificamente a região e marcar as posses como pertencentes a Portugal. Conta a história que em 1686 um grupo de piratas ancorou no norte da ilha e que foram escorraçados por Dias Velho e seus homens. Um ano depois os mesmos piratas retornaram e conseguiram surpreender os ilhéus. Invadiram, saquearam e queimaram a vila e assassinaram o chefe da localidade no interior da capela com um tiro na cabeça. Os sobreviventes abandonaram a ilha que só voltou a ser ocupada alguns anos depois.
Apesar de ser o fundador da povoação que hoje é a capital do Estado, a estátua de Dias Velho foi instalada no meio de um complexo de elevados e é de difícil acesso e visualização. Não é estranho, já que hoje se discute se o homenageado merece a escultura, por ter sido, em sua época, caçador de índios.