No piso do trapiche do Centro Histórico de São José, onde a história da cidade é contada desde a chegada dos primeiros casais de açorianos em 1748 existe a seguinte inscrição, feita pelo artista plástico Plínio Verani: “Nos incertos dias de outubro de 1930, mês da grande revolução que tão belicosamente movimentou nosso Estado, o destroier Sta. Catarina postou-se frente à cidade de S. José lançando petardos contra a sede. A cidade foi tomada pelas forças revolucionárias que se instalaram no Theatro. A população, como em 1777*, fugiu para as Forquilhas e Sertão do Maruim. Os disparos fizeram muitos estragos nos casarões, derrubaram árvores e atingiram duas palmeiras. Em 25 de outubro de 30 as forças revolucionárias de Getúlio Vargas depunha o presidente Washington Luiz. Florianópolis e São José eram os últimos focos legalistas. O governador Fúlvio Aducci fugiu sendo preso depois no Rio de Janeiro, e o prefeito de São José Sr. Nestor Antonio Kretzel foi deposto.”
Segundo as informações da Diretoria de Patrimônio e Documentação da Marinha, o contratorpedeiro foi mandado construir nos Estaleiros Yarrow, na Inglaterra, e foi incorporado à Esquadra em setembro de 1910, recebendo baixa do serviço ativo da Marinha do Brasil em julho de 1944. Na folha de serviços do navio de guerra consta: “Do dia 17 ao dia 24 de outubro de 1930, as artilharias dos Contratorpedeiros Santa Catarina e Maranhão atiraram contra a povoação de Palhoça [e São José] (SC). Até o dia 24 a situação permaneceu inalterada com Florianópolis sob o poder dos legalistas, assim as forças navais recebem ordem para cessar hostilidades, emitida pela Junta Governativa Provisória que se formou no Rio de Janeiro”.
Os Contratorpedeiros Santa Catarina, Maranhão e Paraná estavam ancorados em Florianópolis quando a revolta começou e ficaram sob o comando do almirante Heráclito Belfort Vieira, responsável pela Força Naval de Operação Sul.
E assim entendi a presença daquele pedaço de palmeira no museu.
—
* 1777 – Invasão de tropas espanholas à Ilha de Santa Catarina, então domínio da Coroa Portuguesa