15 de setembro de 2021

Rocamaranha – O que li no confinamento

Por José Carlos Sá

Capa da segunda edição de Rocamaranha (Divulgação)

Já li e escrevi sobre livros que falam das heranças culturais trazidos por imigrantes açorianos e madeirenses para o Brasil, especialmente para o sul do país. Mas está obra de Almiro Caldeira (Editora da UFSC, Florianópolis/2003 – 2ª edição) é o primeiro que chega às minhas mãos contando como o rei de Portugal D. João V os trouxe para cá.

Por volta de 1746 os moradores do arquipélago de Açores tinham dificuldades em obter alimentos  devido a fatores climáticos e à erupção de um vulcão em uma das ilhas. Os ilhéus chegaram à conclusão que o melhor seria que a Coroa Portuguesa enviasse uma certa quantidade de açorianos para o Brasil. A ideia foi ao encontro da necessidade do Reino de colonizar o litoral sul do Brasil que era cobiçado por espanhóis, ingleses e holandeses.

O romance de Almiro Caldeira se passa justamente na época do recrutamento das famílias para atravessar o Atlântico. As promessas régias – além do transporte transmarino – eram uma gleba de terra, ferramentas, sementes, algumas cabeças de gado e uma ajuda de custo até as primeiras colheitas.

Uma das famílias que se alistou foi a do agricultor Jordelino, que trabalhava no sistema feudal. Cultivava as terras do senhor de um morgado e só ficava com uma pequena parte do que produzia. Ele viu no édito real uma forma de se libertar. Teve que convencer a esposa, que preferia morrer de fome em sua terra, e à filha, Nanda, que estava amando platonicamente o filho de um vizinho do pai.

Resumindo, os jovens fizeram um compromisso de casamento, o “noivo” Duda, convenceu os pais a virem também para o Brasil, mas a partir da travessia marítima tudo mudou. A mãe dele morreu, a irmã ficou seriamente doente e o Duda se esqueceu do compromisso firmado e se derreteu por outra jovem.

Chegando à Vila do Desterro, na ilha de Santa Catarina, viram que tinham sido logrados. Das promessas reais só receberam as terras e os homens ainda eram convocados a trabalhar, sem remuneração, na construção da atual igreja matriz e das fortalezas. Jordelino conseguiu uma terra boa, perto da vila e resolveu o problema dos jovens, que, se casassem, ganhariam também um lote para cultivar ao lado do dele. O autor não diz, mas imaginamos que Nanda e Duda foram felizes para sempre.

NOTA: Li este livro na viagem entre Florianópolis – Guarulhos- Porto Velho, mas não quis mudar o título da editoria,  de “confinamento” para “embarcado”.

Tags

Arquipélago de Açores D. João V Editora UFSC Vila de N. S. do Desterro 

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