Quando não estou lendo algum livro, pesquisando sobre um tema que me intriga ou sobre o qual quero escrever, faço palavras cruzadas. Meus fornecedores são o jornal ND, da Grande Florianópolis, ou alguma revista da Editora Coquetel. Comecei nesse passatempo quando criança, mas logo vi que além de diversão era um bom exercício para aumentar o vocabulário e manter o cérebro ativo.
Fui apresentado ao entretenimento pelas minhas avós. Me ensinaram como era o preenchimento das colunas, fazendo com que cada letra da palavra na horizontal faça parte da palavra na vertical. Nessa mesma época me ensinaram a resolver charadas, em que era dado o conceito e a dica de quantas sílabas tinha a resposta. Exemplo: “Avistei um fruta coberta de luto. Uma e duas”. Avistei = vi; fruta coberta de luto = uva. A resposta era “viúva” (Vi-uva). Enquanto avancei nas palavras cruzadas, parei no tempo nas anedotas, a não ser aquelas de respostas dúbias: “Um homem subia o morro a cavalo. O que tinha nas mãos?” Respondiam “rédeas”, mas aí você modificava o conceito: “Um homem subia o morro a cavá-lo. Ele tinha nas mãos uma picareta”.
Houve uma época em que mãe levava para mim revistas de palavras cruzadas já “utilizadas”. Uma colega de serviço resolvia os problemas usando lápis. Mãe apagava as respostas e levava para eu refazer. Não tinha graça, pois eu via a sombra da decifração e aí era mole.
Depois passei a procurar palavras cruzadas nos jornais (achava os problemas propostos pelo Jornal do Brasil os mais difíceis) e a comprar revistas especializadas, especialmente da Coquetel (há muitas imitações sem qualidade), que oferece vários níveis de dificuldade.

Passei a comprar as revistas da Editora Coquetel, que oferece vários níveis de dificuldade (Reprodução)
Quando trabalhava na Secretaria de Planejamento do Governo de Rondônia, eu usava o intervalo de almoço (após comer, claro) para fazer palavras cruzadas. Uma colega achava aqui a “coisa mais linda” e pediu para que eu a ensinasse. Eu já testava minha capacidade comprando revistas de nível difícil. Emprestava algumas revistas para ela e me espantava quando a colega devolvia a publicação tendo resolvido dois ou três problemas em pouco tempo. Desconfiei. Passei a emprestar as revistas retirando as páginas de respostas, que ficam no final das edições. E ela nunca mais preencheu um diagrama completo.