Hoje, no início da tarde, participei da Mobilização pela Democracia, que reuniu algumas pessoas na Praça XV de Novembro, em frente à Catedral, no centro de Florianópolis. Eu não faço parte de nenhum dos grupos que promoveram a manifestação, mas comungo da mesma preocupação com o futuro da Democracia do Brasil.
Quando estava no meio daquelas pessoas lembrei do dia 25 de abril de 1984, quando foi votada a Proposta de Emenda Constitucional n° 5/1983, ou Emenda Dante de Oliveira ou ainda, e como é mais conhecida, Emenda pelas [eleições] Diretas Já. Naquele dia, o general Newton Cruz, comandante Militar do Planalto, foi o coordenador do “estado de emergência” em Brasília e oito cidades do entorno. Entre as normas baixadas, uma proibia a retransmissão de notícia gerada em Brasília por qualquer órgão de Imprensa do país.

General Newton Cruz, comandante Militar do Planalto, no dia de votação das Diretas Já (Foto Carlos Namba/Editora Abril)
Na empresa em que eu trabalhava, dos Diários e Emissoras Associados, um radialista que não havia sido informado dessa norma leu um boletim de uma Agência de Notícias sobre a mobilização que teria em Brasília. A Rádio Guarani foi tirada ar.
Eu era um dos produtores do programa “Jornalismo 5”, que ia ao ar, ao vivo, de hora em hora das 14 às 17 horas na TV Alterosa e todos os convidados para as entrevistas do dia 25 de abril tinha como pauta única as Diretas Já. A pauta, claro, caiu. Toda equipe de produtores e apresentadores foram em “passeata” até a sala do diretor da televisão para ponderar sobre a ordem de mudar o assunto das entrevistas. Além de negar o nosso pedido, ameaçou demitir todo mundo. Tivemos que telefonar para os convidados, explicar o que estava acontecendo e sugerir uma mudança de assunto. Só um topou.
Após a última entrevista improvisada, saí da empresa e fui direto para a avenida Afonso Pena onde me engajei na passeata que estava passando na hora, a dos advogados. Fui com eles até a praça da Rodoviária, onde era a concentração para acompanhar a votação da Emenda 5. Voltei até a praça Sete de Setembro e acompanhei a passeata dos jornalistas, gritando para quem assistia das janelas dos prédios: “Você aí parado/Também é explorado! O povo/Unido!/Abaixo a ditadura! Desce! Desce! Desce”. Participei de mais duas passeatas até eu me cansar e encontrar um lugar para assistir a derrota nos telões. Faltaram 22 votos e tivemos que esperar mais cinco anos para recomeçar a Democracia e ainda escolhemos errado.