10 de setembro de 2021

“Quem foi esse(a) cabra?”

Por José Carlos Sá

Livro do quem-é-quem nas escolas municipais de Florianópolis (Reprodução)

A Prefeitura de Florianópolis lançou hoje (10/9) um livro para informar quem foi a personalidade, local ou fato que cede o nome para as escolas municipais. A ideia é boa, pois conheço quem passou oito anos ou mais estudando em uma unidade educacional e não sabe, sequer, porque a escola tem aquele nome. Sei que nem todos têm curiosidade igual a minha, mas acho que isso é o mínimo que se deve saber sobre o lugar que está permitindo que você adquira mais conhecimentos, que serão usados pelo resto da vida, “ou não”, como diria Caetano Veloso.

Professor, artista plástico e pesquisador Franklin Cascaes (Reprodução)

Há escolas com os nomes de Antonieta de Barros (professora e primeira mulher a ser deputada em Santa Catarina; primeira deputada negra do Brasil), Zilda Arns (fundou e coordenou a Pastoral da Criança e a Pastoral da Pessoa Idosa), Celso Ramos (governador e responsável por criar a infraestrutura necessária para o crescimento do Estado), Cruz e Sousa (escritor, jornalista e poeta simbolista) Chico Mendes (seringueiro e ativista ambiental), Franklin Cascaes (professor, artista plástico e pesquisador da cultura açoriana). A Escola Municipal Machado de Assis não podia faltar, nem Monteiro Lobato. Também há homenagens aos bairros onde as escolas estão instaladas, como Abraão, Armação, Caieiras da Barra do Sul, Campeche e Jardim Atlântico, entre outros.

NEIM (Núcleo de Educação Infantil Municipal) Jardim Atlântico (Reprodução)

Os homenageados tinham ocupações as mais variadas, como professoras sem formação do Magistério, benzedeiras, parteiras, prefeitos, carnavalesco e colunista social, rendeira, pescador, líderes comunitários, intendente (administrador) distrital, artista plástico, padre e pessoas que doaram terrenos para a construção das escolas. São homenageados também: Sol Nascente, Bem-Te-Vi, Anjo da Guarda, Cristo Redentor, Irmã Scheilla (Espírito), Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora de Lourdes, Santo Antônio de Pádua, São João Batista e Pequeno Príncipe*.

Do Baú

Esse assunto de nomes de escolas me fez lembrar de dois fatos do período em que atuei como assessor de Imprensa da SEDUC (Secretaria de Estado da Educação de Rondônia), no final dos anos 1980. Uma membro do Conselho Estadual de Educação contou-me que na justificativa para dar o nome de um determinado cidadão a uma escola que seria inaugurada no interior, escreveram: “Teve mais de dez filhos com mulheres diferentes, que coabitavam com o homenageado” (estou escrevendo de memória, mas o sentido era esse). O processo foi indeferido.

Em uma visita a Colorado do Oeste, o prefeito era o senhor Marcos Donadon, que recebeu com muita alegria a notícia de que o Município ganharia mais uma escola a ser construída pelo Estado. Para demonstrar sua gratidão, seu Marcos falou para o secretário de Educação: – Muito obrigado, doutor. Vou dar o nome do doutor para a nova escola! Piscando para nós, o secretário respondeu: Prefeito não fica bem o senhor dar o meu nome para a escola, mas o o senhor pode dar o nome do meu pai”.

O secretário de Educação era o Orestes Muniz Filho…

 

* Consta que o escritor e aviador francês Antoine de Saint-Exupéry, que trabalhava para a empresa Aéropostale, usava Florianópolis como ponto de apoio para descanso e reabastecimento do avião, que fazia a rota França – Brasil (litoral) – Argentina. O campo de pouso ficava no bairro do Campeche, onde o autor do Pequeno Príncipe era conhecido pelos locais como “Zé Perri”.

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