Neste 14 de junho é comemorado o Dia Mundial do Doador de Sangue. Em Santa Catarina, para marcar a data, foi lançado, via YouTube o livro “A história da Hemoterapia Catarinense – O cotidiano dos anos 1950 aos dias atuais. A obra, publicada pela Editora Carbo, é assinada por Rosane Suely May Rodrigues (organizadora), Rosane Gonçalves Nitschke, Luciana Martins da Rosa, Jane Terezinha Martins (in memoriam), Janete Lourdes Cattani Baldissera e Jussara Cargnin Ferreira e fala das diversas fases pelas quais passou o serviço de coleta de sangue, “desde uma salinha no fundo dos hospitais aos dias de hoje, om toda uma rede de hemocentros”, explicou Rosane Rodrigues, em entrevista à rádio CBN Diário.
Um dos capítulos do livro cita a época em que o sangue era “doado” sob remuneração em espécie, além de um sanduiche, já que o doador deveria estar em jejum para doar sangue. Estes doadores eram cadastrados nos bancos de sangue privados, que recolhiam o produto e vendiam aos hospitais públicos. Hoje, conhecendo todo o processo que deve ser observado para a doação de sangue – um questionário profundo, exames clínicos do sangue, etc. – fico imaginando a disseminação de doenças contagiosas, como as hepatites, a doença de Chagas e a sífilis, para ficar apenas com as “simples”. Quando o HIV apareceu, o sistema de captação de sangue já estava centralizado nos hemocentros, com um maior controle de qualidade. Uma campanha, iniciada por São Paulo, em 1980, acabou com a venda de sangue e com os bancos de sangue privados que faziam o comércio.
Eu era menino e fui acompanhar minha mãe e uma consulta médica em um prédio na rua Rio de Janeiro, no centro de Belo Horizonte. No edifício funcionava um desses bancos de sangue, dos quais eu já ouvira meu pai falar. No elevador havia um homem magro e sem cor, com aspecto cadavérico. Eu, criança, encarava o homem achando ele muito estranho, enquanto mãe, percebendo minha indiscrição, apertava minha mão, dando o “toque” para eu disfarçar. Depois, em casa, ela me explicou que aquelas pessoas vendiam o sangue para ganhar um dia de folga e o dinheiro para comprar um almoço. E que a mesma pessoa vendia o sangue em diversos locais em dias alternados, não permitindo que o organismo se recuperasse. Ou seja o “doador” ficava doente e “doava” o sangue também doente.
Ainda bem que isso acabou.