10 de junho de 2021

O golpe do surdo-mudo

Por José Carlos Sá

Acredito que quase todos nós temos uma experiência com religiosos de várias denominações. Virou folclore as visitas nas manhãs de domingo de duplas ou trios de irmãos da igreja Testemunhas de Jeová, que nos oferecem as revistas Sentinela e Despertai. Não pedem dinheiro, você dá se quiser.

Eu já narrei aqui uma visita que recebi em uma manhã de domingo, quando uma das irmãs disse estar fazendo uma pesquisa, cuja principal (e única) pergunta era: “Deus existe?” Respondi, sem ser sarcástico, com o meu conhecimento de ter na família um fiel servo da seita. “Se a senhora que é Testemunha de Jeová, duvida da existência de Deus, quem sou eu para emitir minha opinião?” Depois do sorriso amarelo, ela se despediu, sugerindo a leitura das revistas, que o fiz.

Estou contando isso para comentar este vídeo enviado pela amiga Karin Silva:

Logo que cheguei a Porto Velho, em 1986, de vez em quando ia um rapaz lá na Decom, que todos pensavam ser surdo-mudo.

Os folhetos são iguais a este – ainda hoje (Ilustra internet)

Ele colocava nas nossas mesas um saquinho com um alfabeto Libras (Linguagem Brasileira de Sinais) e adesivos do Piu-piu, Frajola, Patolino e etc. e a “sugestão” da contribuição. Me disseram que ninguém comprava. Ele voltava recolhendo a mercadoria e ia embora, claro, sem dizer nada.

Numa semana ele passou no setor no dia do pagamento. Todo mundo feliz, de bolsas/os cheios. Os colegas e eu deixamos a quantia sobre as mesas. O cara recolheu o dinheiro e ao chegar à porta, antes de sair, disse: “Deus abençoa cês tudo!”

De brincadeira falei alto: “Pega esse feladaputa!”

Só ouvimos ele correndo escada abaixo. Não apareceu mais…

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Decom Karin Silva Libras Porto Velho Surdo-mudo Testemunha de Jeová 

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