Olhando as fotos da cheia do rio Madeira deste ano (2021), lembrei de uma matéria que fui fazer em 1992, quando trabalhava no jornal Alto Madeira, acompanhando as equipes de Defesa Civil do município de Porto Velho e do Estado. Comigo, o parceiro, repórter-fotográfico Damião Cavalcante.
Embarcamos na voadeira lotada de gente e de medicamentos. O Madeirão indócil, com muitos banzeiros. De repente caiu uma chuva. Damião e eu não levamos capas e recebemos sacos plásticos, desses pretos para recolher lixo, em que abrimos buracos para passar os braços e a cabeça.
A chuva foi aumentando e, a certa altura da viagem, o tenente Sampaio, da Defesa Civil municipal, retirou a capa – daquelas amarelas – e a embolou colocando sob o assento do barco.
Perguntei o que houve, tenente? A resposta ecoa até hoje:
– Molhei o rego. É um homem com o rego molhado perde a dignidade!