Quando chegamos a Belo Horizonte, no final da década de 1960, como dizia Raul Seixas, “inocente, puro e besta”, tudo era novidade. Nossos familiares também se mudaram para a capital. Foi bom, os avós e tias moravam no mesmo bairro que nós, bastavam algumas pernadas e visitávamos todo mundo.
Um dia, mãe e tia Nívia resolveram passear no centro da cidade, para “ver preço”, diria Marcela. Chegamos à Galeria Ouvidor, um corredor comercial entre as ruas São Paulo Curitiba, que devido à diferença de nível, havia escadas rolantes ligando os andares.
Eu nunca tinha visto uma escada rolante na vida e fui experimentar uma nova emoção. Tia Nívea deu um grito e me puxou para trás. Eu usava uma sandália Havaiana (talvez tenha sido a última vez que eu usei esse tipo de calçado, fora de piscina ou praia). Um pé da sandália desceu, sozinho, na escada. Um rapaz que assistiu à manota, resgatou a sandália e devolveu-me.
Fui experimentar a escada rolante algum tempo depois e longe da minha tia.