Ontem os amigos professor Aleks Palitot e Anísio Gorayeb lembraram, com belos textos, os 108 anos de inauguração da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, construída na selva amazônica à custa de muito sangue, lágrimas e mortos.
A ferrovia teve uma vida breve tendo sido extinta em 1966 e totalmente desativada em 1972. Muitas tentativas ou intenções de reativá-la aconteceram e foram abandonadas, ou nem saíram do papel.
No período em que morei em Porto Velho (de 1986 a 2018), vi restaurações sendo embargadas na Justiça, vi muito boato (na época não se dizia ‘fake news’) sendo disseminado na imprensa, que publicava as denúncias sem checar. Depois se via que era demonstrações de ciúme doentio.

Manoel Rodrigues Ferreira vendeu o acervo e originais do livro Nas selvas amazônicas (JCarlos – 3009204)
Tive algumas participações em eventos ligados à EFMM, como por exemplo, foi ideia minha a reedição do livro Ferrovia do Diabo, de Manoel Rodrigues Ferreira, que estava esgotado. A edição saiu, mas muito atrasada, tendo coincidido com o lançamento da TV Globo da minissérie ficcional Mad Maria, baseada em romance do amazonense Márcio de Souza. Isso deu uma polêmica idiota, que eu deixo para outra ocasião.

A partir da esquerda D. Auxiliadora, ex-ferroviária, João Batista, de Furnas, Bob Otino, presidente da AAEFMM e Manoel Rodrigues Ferreira (Foto JCarlos – 30092004)
Por sugestão da então senadora Fátima Cleide, Furnas Centrais Elétricas – que coordenava os estudos de viabilidade dasuzina de Santo Antônio e Jirau – adquiriu o acervo fotográfico, os textos originais e a primeira edição do livro “Nas Selvas Amazônicas”, que foram doados à Associação de Amigos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Pelo contrato, esse acervo deveria ficar exposto ao público em geral, pois mostrava as impressões do autor do Ferrovia na visita que fez a Porto Velho e Guajará-Mirim, incluindo o Real Forte Príncipe da Beira, em 1960.
Espero que esse material esteja bem guardado e conservado. Quem sabe, após a pandemia, seja organizada uma exposição e, finalmente, o acervo possa ser conhecido pelo público e pesquisadores.