12 de junho de 2020

Cachorro monoglota

Por José Carlos Sá

A Atena só obedece se a ordem for dada em manezês (Foto Marcela Ximenes)

Nós temos três cães e cada um com graus diferentes de obediência. O Argus, mais velho, obedece quando o mandamos sair de casa ou ir para a caminha dele. A Azula obedece com resistência, às vezes na terceira repetição da ordem. Pior é a Atena, que fica nos olhando, como descreveu Caetano Veloso em Esse Cara: “Com seus olhinhos infantis / Como os olhos de um bandido”.

Lembrei-me do meu finado ex-sogro, seu João Munhoz. Ele contava que o pai dele, Manuel Munhoz, tinha um cachorro que obedecia no dialeto da região espanhola onde morava. O seu João queria que o vira-lata que ele tinha em casa, lá em Contagem, obedecesse como o “perro” do pai (para exemplificar fui buscar palavras em catalão, já que desconheço qual era o dialeto original) e dizia:

– Vés al llit! (Vai deitar!)

E o cachorro olhava para ele e continuava a coçar a barriga.

– Surt d’aquí! (Saia daqui!)

E o cachorro nem tchuns…

– Sortiu! (Vai para fora!)

E o cachorro se deitava no tapete.

Talvez seja o que acontece com a Atena, que é catarinense. Vou começar a dar ordens em manezês.

Tags

Argus Maximus Atena Azula Dora Milaje Espanha João Munhoz Manuel Munhoz Marcela Ximenes 

Compartilhar

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

*