Nós temos três cães e cada um com graus diferentes de obediência. O Argus, mais velho, obedece quando o mandamos sair de casa ou ir para a caminha dele. A Azula obedece com resistência, às vezes na terceira repetição da ordem. Pior é a Atena, que fica nos olhando, como descreveu Caetano Veloso em Esse Cara: “Com seus olhinhos infantis / Como os olhos de um bandido”.
Lembrei-me do meu finado ex-sogro, seu João Munhoz. Ele contava que o pai dele, Manuel Munhoz, tinha um cachorro que obedecia no dialeto da região espanhola onde morava. O seu João queria que o vira-lata que ele tinha em casa, lá em Contagem, obedecesse como o “perro” do pai (para exemplificar fui buscar palavras em catalão, já que desconheço qual era o dialeto original) e dizia:
– Vés al llit! (Vai deitar!)
E o cachorro olhava para ele e continuava a coçar a barriga.
– Surt d’aquí! (Saia daqui!)
E o cachorro nem tchuns…
– Sortiu! (Vai para fora!)
E o cachorro se deitava no tapete.
Talvez seja o que acontece com a Atena, que é catarinense. Vou começar a dar ordens em manezês.