Em 2004 eu trabalhava na assessoria do Consórcio que fazia os estudos de viabilidade dasuzina do Madeira. Num final de expediente, lá pelas 16 horas (trabalhávamos até às 17h), o telefone toca e o gerente informa que eu precisava marcar uma audiência com urgência com o governador, pois dois diretores da empresa chegariam a Porto Velho na madrugada e precisavam ser recebidos pela manhã. Ponderei que estava em cima da hora e que “não era assim não” e além disso eu tinha poucas relações com servidores do novo governo (Cassol assumiu em 2003). A resposta que recebi foi animadora: – Se vira!
Pensei uns cinco minutos e lembrei que no Cerimonial havia servidoras da época do governador Ângelo Angelin. Recorri a elas e fui encaminhado à diretora do Departamento, a quem expliquei o que precisava. Ela disse que despacharia com o governador e daria um retorno mais tarde. A noite foi caindo e nenhuma resposta. O chefe cobrando um posicionamento…
Para resumir, lá pelas 21 horas recebi a confirmação da audiência.
– O governador vai recebê-los às 6h30 na residência dele, no Jardim das Mangueiras. Sabe onde é?
– Sei. Vou ensinar para os diretores como chegar lá.
– Não, Zé Carlos. Preciso do seu nome completo e do número do seu RG. A guarda vai autorizar a entrada se você estiver junto.
Agradeci, desejei boa noite e fiquei com mais um pepino. Liguei para o gerente e informei o combinado. A resposta: – Amanhã você pega os diretores no Hotel Villa Rica e leva até o governador.
– Meu carro está todo sujo, não dá tempo para lavar…
– Não se preocupe com isso, os dois são ‘peão de trecho.
Seis horas do outro dia eu estava na recepção do hotel. Só apareceu um dos diretores, e o levei para a casa do governador, morrendo de vergonha da limpeza (#sqn) da minha viatura. Na guarita, não houve problemas. Me identifiquei, e um dos soldados me conhecia. Esperamos ainda meia hora para o diretor ser recebido pelo governador. Recusei o convite para o café da manhã e fiquei olhando os pássaros no jardim e pensando na sorte que tive.