A Marcela precisou ir ao Centro e foi em um carro de aplicativo. Ao invés de falar sobre o tempo, o motorista puxou assunto sobre os nomes das ruas.
“Deviam colocar alguma informação sobre o homenageado, sobre quem dá o nome à rua. Por exemplo, quem foi esse Felipe Schmidt?”
Com a internet, essa dúvida é sanada em um clique. Felipe Schmidt foi governador de Santa Catarina na década de 1910. Hoje é uma rua que concentra o comércio popular. Parte da via é um calçadão, para facilitar a vida dos transeuntes (faz tempo que não escrevo esta palavra).
O tema levantado pelo motorista do Uber me fez lembrar quando cheguei a Porto Velho, em 1986. No Decom havia uma colega que se dizia “minhoca”, por ser filha da terra e repetia isso sempre.
Um dia fui à biblioteca pesquisar quem foi Tenreiro Aranha, nome de uma rua no Centro da cidade. Soube que foi um poeta amazonense, lembrando que Porto Velho, quando o município foi criado, pertencia ao Amazonas.
Cheguei ao Decom e fui direto à Minhoca fazer um desafio: “Você que diz ser filha da terra, me conta quem foi Tenreiro Aranha?”
Depois da surpresa, ela abriu a mão sobre a mesa, à guisa de uma artrópode, e explicou: “É um bichinho assim”. Rindo eu disse que era o nome de uma pessoa, e etc. Ela perguntou como eu sabia.
Respondi que, como eu gostava da cidade, fui me informar e tripudiei: “Não adianta se dizer minhoca, se não sabe quem é homenageado com o nome de uma rua em que passa todo dia…”
*O título do post é uma referência à música Ruas da Cidade, do Lô e Márcio Borges, sobre o nome das ruas de Belo Horizonte (https://bit.ly/2wPBMmw), gravada pelo Milton Nascimento.