29 de fevereiro de 2020

As fortalezas portuguesas fora da Europa

Por José Carlos Sá

Capa do livro na versão impressa, com a planta do Forte de São José de Macapá (Foto Divulgação)

A expansão territorial de Portugal e Espanha do século XV em diante fez com que estes países construíssem fortificações militares para defenderem os interesses deles, sejam em portos ou cidades fortificadas. Espanhóis e portugueses dividiram o mundo – fora da Europa – em duas partes, quando assinaram o Tratado de Tordesilhas, sob benção do Papa Sisto IV. Apesar do acordo ter sido firmado, ambos os países e os demais, que não participaram da partilha, não respeitavam a linha imaginária que acompanhava de norte a sul o Meridiano de Tordesilhas.

Baluarte dedicado à Santa Bárbara, com o rio Guaporé ao fundo (Foto JCarlos/2016)

Li, de uma só assentada, as 91 páginas do livro “As obras dos engenheiros militares Galluzzi e Sambuceti e do arquiteto Landi no Brasil colonial do século XVIII”, de Riccardo Fontana, Edições do Senado Federal/2005, disponibilizada em PDF. O autor descreve as mudanças na arquitetura das praças fortificadas ao longo do tempo, quando os portugueses passaram a contratar arquitetos e engenheiros oriundos da península italiana, que foram responsáveis pelas fortalezas de São José de Macapá, na foz do rio Amazonas, no Amapá e o Real Forte Príncipe da Beira, erguido à margem direita do rio Guaporé, na fronteira com a Bolívia, em Rondônia.

Plano do Forte Príncipe da Beira, Mato Grosso”, c. 1775 (Cartografia do Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa)

A opção pelos profissionais italianos é explicada, em princípio, por questões filosóficas e religiosas: a corte portuguesa “dominada pelo sedentarismo escolástico e pelo poder eclesiástico” tomou distância de arquitetos e engenheiros oriundos da França, Espanha e Áustria que eram “protestantes”. Na opção pela Itália pesou falarem uma língua latina, serem católicos e foram formados pelas melhores academias militares e universidades italianas. Mas a razão principal era geopolítica: a península itálica “apresentava-se dividida em diversas Repúblicas, Reinos e
Ducados entre si em luta [entre si]”, o que não causava preocupações de uma guerra contra Portugal ou o “roubo” dos planos de fortificação portuguesa.

Além de fortificações militares, os “italianos” também projetaram igrejas, palácios dos governadores-gerais e cidades no Brasil Colonial.

É um livro interessante para quem gosta do assunto. No link a seguir, para quem quiser comprar o volume físico ou ler em PDF: https://bit.ly/2uL9vg4