A TV Rondônia informou na quinta-feira, 20/12, sobre uma operação policial que – mais uma vez – retirou garimpeiros de ouro do rio Madeira, nas proximidades de Porto Velho. A ação foi uma “recomendação” do Ministério Público e teve a participação de militares da PM, Marinha e Exército, tudo sob coordenação da Secretaria de Desenvolvimento Ambiental – Sedam. A motivação da retirada dos garimpeiros é o mesmo desde sempre: trabalhavam em local proibido, que é o trecho entre a atual Hidrelétrica Santo Antônio (o ponto de referência anterior era a cachoeira de Santo Antônio) até abaixo do igarapé Belmont (Decreto estadual 5124/91). Esta ação se soma a dezenas de outras realizadas na mesma região desde a década de 1990.
Pouco tempo depois da publicação do Decreto 5124, em 1991, a Sedam convocou a imprensa para acompanhar uma operação de retirada dos garimpeiros do rio Madeira, em frente a Porto Velho. Eu trabalhava no Alto Madeira e na hora informada estávamos – Damião e eu – na sede da secretaria, na Estrada de Santo Antônio. Além de nós, também estavam a jornalista Ana Aranda e um fotógrafo de quem não me lembro. A equipe ambiental que faria a operação ainda não estava mobilizada, não havia gasolina para a voadeira e, para piorar, o veículo que rebocar o barco não “pegava” e os policiais tiveram que empurrar o veículo. O Damião, claro, registrou a cena. Para salvar a pauta, fomos para o Belmont, onde os garimpeiros estavam mobilizados e revoltados. A nossa chegada atraiu o pessoal, que estava desembarcado aguardando a polícia. Todos falavam ao mesmo tempo, dizendo que não sairiam do rio e que já havia um acordo com “a irmã do governador” para que permanecessem trabalhando. Perguntei quem poderia dar entrevista em nome de todos. Um deles disse que o presidente da cooperativa deles poderia ser encontrado numa loja especializada em equipamentos para garimpo, na avenida Jorge Teixeira, próximo ao Trevo do Roque. Fomos até lá, mas nos levaram a outro local, não sei se na rua Alexandre Guimarães ou na Almirante Barroso, onde finalmente conseguimos a entrevista.
No dia seguinte a foto do Damião, com os policiais empurrando a caminhonete, estava na primeira página e esta história toda que contei aí em cima era a matéria de manchete do Alto Madeira. O secretário da época, engenheiro Chico Natureza (Francisco José Silveira Pereira), ficou muito “pê” da vida e reclamou de mim para o seu Euro Tourinho. Pensei que seria demitido, mas por sustentar tudo que havia escrito, fiquei no jornal até pedir demissão.
A propósito: Os garimpeiros não saíram daquela vez e sempre voltaram.