04 de setembro de 2018

As cinzas do passado

Por José Carlos Sá

Nosso passado virou cinzas. A silhueta da estátua de D. Pedro II assiste impotente o fogo acabar com 200 anos de história (Foto Marcelo Moraes /Reuters)

A comoção nacional que se abateu sobre o Brasil após o trágico incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio de  Janeiro, deve ser canalizada para evitar que outros incêndios aconteçam. O jornalista Júlio Olivar fez, na página dele no Facebook, um diagnóstico dos museus existentes ou que já existiram em Rondônia. Vou resumir:

Museu do Índio – Fechado há 30 anos para reforma e nunca mais foi reaberto;

Memorial Governador Jorge Teixeira – Só existe ainda por causa de alguns abnegados;

Museu da Memória de Rondônia (Palácio Presidente Vargas) – Igualmente fruto de idealismos de poucos;

Centro de Documentação Histórica – Por pouco não foi extinto;

Museu Casa de Rondon, em Vilhena: Esse ainda não foi recuperado. O Ministério da Defesa não abre mão da área;

Prédio do Relógio – antiga administração da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré – seria reformado para abrigar o Memorial de Porto Velho. Na data de início das obras, conta Júlio, o prédio foi retirado da guarda do Estado e transferido para a Prefeitura de Porto Velho, onde seria instalado o gabinete do prefeito. Nada foi feito.

Acrescentando ao que o Júlio listou, lembro a história do Centro de Memória Indígena, que foi construído à pedido e com a supervisão do Iphan e a participação em todos os estágios de projeto e execução da Fundação Cultural de Porto Velho. O prédio ficou pronto no final do segundo mandato de Roberto Sobrinho, porém não foi colocado no orçamento para o ano seguinte nenhum centavo a ser empregado no complexo de prédios que ficam no átrio da Capela de Santo Antônio. Inclusive, moradores da vila de Santo Antônio receberam cursos para explorar comercialmente um espaço destinado a uma lanchonete. Na administração  Mauro Nazif nada aconteceu. A Prefeitura não assumiu o complexo e foi preciso que o Exército Brasileiro encontrasse a destinação para os prédios, montando a exposição permanente “Rondon – Marechal da Paz”, hoje um dos lugares turísticos mais visitados na capital de Rondônia.

Assim caminha a humanidade e a insanidade.

Tags

Centro da Memória Indígena EFMM Exército Brasileiro Iphan Julio Olivar Marechal Rondon Mauro Nazif Prefeito Roberto Sobrinho 

Compartilhar

Comentários

  • Cláudio José Soares disse:

    Pois é ! O estado não gere bem as suas obrigações em políticas públicas nas áreas essenciais ! Imagina se o estado vai dar atenção devida as coisas que de fato a sociedade não valoriza , ou valoriza pouco pela falta de cultura e até falta de escolaridade! Talvez se a imprensa tivesse dado mais mídia antes para este museu , estimulando o maior conhecimento as pessoas , ele , o museu teria tido mais força para arrecadar fundos ! Este estado que trabalha mais para si , e consome quase todo o recurso arrecadado com seu alto custo , não terá prioridade de recursos para museus e pesquisa ! Mas o estado não faz isso sozinho , Da parte da sociedade feche um estádio de futebol num show de música funk patrocinado pela lei da cultura e feche temporariamente uma escola pública e verá como é diferente a reação das pessoas ! O estado sabe disso !
    Agora depois do fogo , quando faltou água , não faltará informação e mídia . Em pouco tempo tudo esquecido , pois as pessoas estão focadas em sobreviver nas necessidades mais básicas ,num país pobre e tem pouco tempo para lamentar o que nem sabem o que perderam neste incêndio !

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

*