Acostumado a me aborrecer (muito) cada vez que eu tinha que ir ao Detran e para evitar que a minha falta de paciência, aliada à hipertensão, me levassem para a cadeia ou ao cemitério, adotei a prática de contratar despachantes para intermediar o relacionamento.
Desta vez, para aproveitar o desconto que foi oferecido no pagamento antecipado do IPVA, resolvemos tratar do assunto pessoalmente. Dividimos, a Mar e eu, as tarefas e despesas.
Pagas todas as taxas e o imposto propriamente dito, coube a mim ir ao Detran para pegar a licença. Aproveitei a proximidade de casa e fui ao posto da Zona Leste. Cheguei, tudo tranquilo. Nem precisei dar a carteirada de idoso. Mas, a duas pessoas antes da minha vez, o tal do “sistema” caiu. Coloco, sempre, “sistema” entre aspas porque para mim é uma coisa abstrata.
O atendente sugeriu que deixássemos nossos nomes, telefones e respectivos números das placas dos nossos veículos que eles nos chamariam. Sem nada a perder nem a ganhar, fiz o que foi sugerido. Isso foi na segunda-feira, 20.
Hoje, já me dirigindo ao Shopping Cidadão/Tudo Aqui para tentar novamente pegar o documento, o telefone toca e o interlocutor diz: – Seu Zé Carlos? Aqui é do Detran, Posto da Zona Leste, o documento do seu carro está pronto. Pode vir busca-lo.”
Agradeci sem acreditar. E, para não acordar do suposto sonho, fui imediatamente para a avenida Mamoré. Não era sonho. O documento estava, realmente, à minha espera.
Enquanto eu assinava o recibo falei para o funcionário: “Parabéns pelo atendimento. Estou surpreso e vou contar para todo mundo”. Ele me olhou espantado e os outros colegas que estavam perto também. Depois todos sorriram.
Parabéns, muitas almas foram salvas do purgatório.