Hoje o pesar é duplo. Nos deixam o arcebispo emérito Dom Paulo Evaristo Arns e o jornalista e empresário Phelippe Daou, da Rede Amazônica. Sou fã de ambos pelo que cada um fez em sua área de atuação.
Os obituários lembram de Dom Evaristo pela luta pelos pobres e pela defesa daqueles que eram presos e torturados pelo regime militar iniciado em 1964. A palavra de ordem dele era “Esperança e esperança!”
Eu já tinha admiração por este motivo, mas aí aconteceu outro fato: fui aluno no curso de Jornalismo de um dos discípulos de Dom Paulo, o professor (padre licenciado então) Toninho Haddad. Uma vez ele contou-me e a alguns poucos colegas que o acompanhavam, como foi co-celebrar o culto ecumênico em memória ao jornalista Vladimir Herzog, com a Catedral da Sé cheia de agentes policiais e o povo em volta. Dom Paulo, o rabino da Confederação Israelita Paulista, Henry Isaac Sobel e o reverendo Jaime Nelson Wright, pastor presbiteriano, resolveram desobedecer a proibição da celebração pelos governantes da época.
Já o seu Phelippe, na minha opinião, deixa como maior legado a implantação da comunicação em larga escala na Amazônia. Os diversos canais de comunicação da Rede Amazônica nos mostraram para o mundo e trouxeram o mundo para nós em primeiro lugar. Além disso tudo, ele era uma pessoa que nos tratava – jornalistas – como iguais – pelo menos eu senti isso nas diversas vezes que o encontrei em eventos variados.
Mais duas perdas insuperáveis para um Brasil que a cada dia nos deixa mais tristes.