Eu tentava retirar, com dificuldade, o resto dos ovos mexidos do fundo da panela, que um dia foi coberto de Teflon® e bastava passar um papel toalha para que os resíduos saíssem. Ao meu lado, no rádio, os apresentadores do “Jornal da Manhã” atualizavam as mais novas denúncias contra o ex-presidente Lula. Desta vez o conteúdo existente em uma sala-cofre do Banco do Brasil onde estavam depositados presentes recebidos durante o mandato. O cofre está alugado em nome da mulher e do filho de Lula.
Relacionei as duas coisas: a minha panela e a reputação do ex-presidente Lula. Ambos estão com o revestimento de Politetrafluoretileno vencido e que ficam, a cada dia, mais aderentes a resíduos. Umas sujeiras saem com a aplicação da esponja com detergente; outros são indeléveis.
Lembro que esta história de que Lula era coberto de Teflon® começou em 2006. A comparação foi feita pelo cientista político norte americano Riordan Roett. Ele dizia que Lula seria reeleito para o segundo mandato, independente dos resultados do processo do “mensalão”. Roett disse em entrevista à revista Época, na ocasião: “Eu estudo o Brasil desde 1962. De lá para cá, o país teve vários presidentes. Nenhum deles é como o Lula. Ele é o próprio Teflon, nenhum escândalo gruda nele.” O mensalão não grudou, nem outros escândalos que tentaram jogar no colo dele.
As águas sanitárias rolaram e a realidade hoje é outra.