Mais um grande escritor se vai. Desta vez foi o Eduardo Galeano, o uruguaio que bagunçou a cabeça de todos da minha geração com o livro “Veias Abertas da América Latina”. Com quinze anos eu li o livro deslumbrado, como tantos outros adolescentes que vivíamos em um país sob tutela militar e sonhando com a “contra-revolução”. No ano seguinte uns tantos vieram para a Amazônia preparar o povo para “retomar o poder”. E todos sabem no que deu.
Mas Galeano – depois li mais artigos dele – revisitava a História e recontava alguns fatos que conhecíamos como a Guerra do Paraguai, por exemplo. O Paraguai que ele nos apresentava era completamente diferente daquele dos livros que líamos na escola e decorávamos as datas. Para mim foi um choque.
Ao saber da notícia da morte pela IstoÉ, vi que o autor renegava o “Veias Abertas”, dizendo que não se ligava mais ao texto, com a distância dos anos. Muitos leitores também se distanciaram, mas foi uma obra que me marcou muito e me fez buscar outras fontes que não só as oficiais. Aplico isso até hoje no meu trabalho e no lazer (o brog). (Ilustra Divulgação)