É unânime dizer, repetindo frase do filósofo pernambucano Nelson Rodrigues, que “toda unanimidade é burra”. A frase completa é “Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar”.
No início deste mês vimos a eleição unânime do deputado Maurão de Carvalho como presidente da Assembleia de Rondônia. A unanimidade nesse caso, foi considerada positiva, um alinhamento amplo, geral e irrestrito de todos os deputados uníssonos às propostas do então candidato, que não passavam da obviedade: “promover a união entre os Poderes, sem deixar de defender a autonomia e a independência da Assembleia”. Claro que não foi só por isso que ele ganhou.
A palavra “unanimidade” volta à minha atenção agora, em matéria trabalhada da Folha de S. Paulo e publicada ontem, onde se mostra que nas Assembleias Legislativas brasileiras os chefes dos Executivos estaduais estão bonitos na foto. Na pesquisa realizada pelo jornal paulista, apenas 30% dos deputados distritais ou estaduais se declaram de oposição ou querem distância do governo estadual. Em Rondônia, 8% (traduzindo: 2 deputados) se dizem oposicionistas.
Voltando ao paradoxo, reproduzo trechos de um texto de alguém que assina como “Priscilla Winchester”, no saite do Yahoo:
“(…)[A] Frase de efeito é também armadilha de Nelson. Quando todo mundo concordar que toda a unanimidade é burra ficará comprovado que toda a unanimidade é burra mesmo!
A palavra “unanimidade” vem do latim unanimis. Significa, simplesmente, que duas ou mais pessoas vivem com um (unus) só ânimo (animus). Um time de futebol bem treinado, uma equipe de trabalho bem articulada, dois amigos leais, um casal que pensa e age em harmonia são exemplos de unanimidade inteligente.
Em dados contextos, sim, a unanimidade pode ser burra. É burrice todos obedecerem cegamente a uma ordem que vem não se sabe de onde com finalidades obscuras ou inconfessáveis. É burrice, por exemplo, comprarmos um livro pelo único fato de ele constar da lista dos mais vendidos. (…)” (Ilustra GifMambo)