A centenária Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, como muitos idosos, se vê agora, depois de criados os filhos e netos, abandonada à própria sorte. “É o lema!”, diria o jovem filósofo (quase) beradero JP.
A nota distribuída pela assessoria do superintendente de Turismo Júlio Olivar, sugerindo que a Prefeitura de Porto Velho devolva para a União a gestão da velha ferrovia, ainda não foi respondida pelos “interessados”.
Entendo que nem a Prefeitura, nem o Estado, nem a União têm recursos ou vontade para fazer alguma coisa pela restauração da ferrovia. O Iphan colocou como compromisso condicionante à liberação das Licenças de Operação para asuzina de Santo Antônio e Jirau , que providenciassem a volta à circulação dos trens nas áreas de influência das hidrelétricas (Porto Velho e Guajará-Mirim, respectivamente), mas no caso de Porto Velho, nem o ex-prefeito Roberto Sobrinho, nem o atual, Mauro Nazif, retiraram as pessoas que moram literalmente sobre os trilhos, como já mostrei aqui.
A União é outro ser que não dá conta de seus “filhos”. O exemplo mais pronto e acabado é a Funai, que deveria cuidar de seres humanos e não consegue se manter, enquanto instituição. Sobre o Iphan não vou nem comentar.
Caso uma entidade privada – como o SESC, por exemplo – administrasse trechos da ferrovia para fins turísticos e cobrasse pelo serviço, seria outra grita, mesmo que o permissionário mantivesse tudo limpo, respeitando a arquitetura original e com a competente vigilância, iniciativas que os “entes” públicos NUNCA tiveram a capacidade de fazer.
Devo reconhecer que a iniciativa do Júlio Olivar, se não vai resolver o problema, pelo menos vai esgravatar a ferida. (Charge Bertolete/Amazon Art/Gente de Opinião)