Já ouvi muitas vezes frases relacionando o rio (seja qual for) com a vida das pessoas. Quem já mora à margem de um rio, grande ou pequeno, já sabe o quanto essa relação é verdadeira.
No caso do rio Madeira e da sua enchente histórica, a amplitude do envolvimento é maior. A cidade de Porto Velho e uma parte do município se erguem às suas margens. Pessoas, como eu, que vieram de outros estados e que nunca tinham visto um rio deste tamanho, passam a respeitá-lo, temê-lo (falo por mim) e amá-lo. Ao estudar a história, é pelas expedições do bandeirante Raposo Tavares e a do militar Pedro Teixeira que você conhece o rio Madeira.
Outras histórias se sucedem, até que chega a necessidade de se construir uma comunicação terrestre entre a cachoeira de Santo Antônio, no rio Madeira, e a de Guajará-Mirim, no rio Mamoré, na fronteira com a Bolívia. Uma nova saga.
Agora, coincidindo com o centenário de criação do município de Porto velho, temos o fenômeno da cheia histórica. Milhares de pessoas desabrigadas, localidades que desapareceram, levadas pelas águas, outras que foram cobertas pelos sedimentos que viram na enchente. Duas hidrelétricas estão sendo construídas no leito do rio, e sobre elas pesou a culpa pela ocorrência do fenômeno natural, que já havia sido registrado no início da construção da EFMM, com as mesmas características, mas a população era infinitamente menor e não havia a facilidade de comunicação que existe hoje, para o bem e para o mal.
LIVROS
Nesta sexta-feira, 7, dois livros foram lançados com o mesmo tema. Pelo professor José Dettoni, “Porto Velho – 100 anos”, em versos, conta a sua chegada à Porto Velho e o amor que passou a ter por esta terra.
O outro livro lançado – e que tive o prazer de participar -, foi “Rio de Histórias”, assinado pela professora Yêdda Borzacov e pelos médicos Samuel Castiel e Viriato Moura. Os autores contam histórias acontecidas ou imaginadas nas barrancas do Maderão, cada um a seu estilo.
São crônicas contando vidas de personagens, como o peruano Arturo Duendes, artista plástico, morador de uma estância e que tinha estranhos poderes, como conta o Samuel; ou o “anjo”, que chegou durante a enchente no baixo Madeira e que ao partir, acelerou a vazante e impediu que as doenças pós-cheia se manifestassem, esclarece Viriato. Já a professora Yêdda, usa a cidade como personagem da crônica “Gravetos Históricos de Porto Velho Centenário”.
Estas são apenas algumas considerações. Vou acrescentar as impressões após a leitura completa do livro. Abaixo fotos do evento:
Antônio Alberto Lima, Walter Bariani, eu e o vereador Sid Orleans
(Foto Lila Castiel)