Quero compartilhar com os seis leitores do blog o texto abaixo, da jornalista Larissa Tezzari. É muito bom e vale a pena ler.
“Sou filha de dois professores. Meus pais são paulistas, mas
migraram para Rondônia na década de 1980, época em que o Estado sofreu seu boom
populacional, recebendo pessoas de diversos locais do Brasil. Por conta disso,
Rondônia é hoje uma mistura de culturas, falares e costumes. Eu faço parte
então, de uma geração de rondonienses, filhos dos pioneiros que ajudaram a
construir esse Estado recente, e assim, sou também um pedaço dessa mistura
brasileira.
migraram para Rondônia na década de 1980, época em que o Estado sofreu seu boom
populacional, recebendo pessoas de diversos locais do Brasil. Por conta disso,
Rondônia é hoje uma mistura de culturas, falares e costumes. Eu faço parte
então, de uma geração de rondonienses, filhos dos pioneiros que ajudaram a
construir esse Estado recente, e assim, sou também um pedaço dessa mistura
brasileira.
Uso o “tu” e o “você”, gosto de chimarrão, acarajé e de uma
boa cuia de tacacá. Gosto de macaxeira, mas posso chamar de mandioca. Dirigindo
pela cidade, já parei no sinal, no semáforo, no farol e no sinaleiro. Durante a
época de festas juninas adoro comer mungunzá, e descobrir que muitos o chamam
de canjica (o que geralmente causa uma confusão!).
Em meio a tantas misturas, sempre gostei de parar, sentar e
ouvir a história dessas pessoas. Histórias de vinda e de vida. Tenho certeza
que foi aí que o jornalismo começou a fazer parte da minha vida.
Penso que o jornalismo é contar histórias. De uma pessoa, de
um lugar, de um acontecimento. E desde que o mundo é mundo, as histórias nos
fazem conhecer o novo, refletir sobre um fato, descobrir o inusitado,
redescobrir algo do passado, se colocar no lugar do outro… O jornalismo, ou o
“contar histórias”, é utilidade pública.
um lugar, de um acontecimento. E desde que o mundo é mundo, as histórias nos
fazem conhecer o novo, refletir sobre um fato, descobrir o inusitado,
redescobrir algo do passado, se colocar no lugar do outro… O jornalismo, ou o
“contar histórias”, é utilidade pública.
Descobri o que gostava, o que amava, o que queria “fazer da
vida”. Mas as dúvidas vieram juntas. Será que eu devo? Será que é o melhor?
Dentro
de um histórico familiar humilde em sua raiz, com a
presença de situações de extremas privações, quem recebe mais e melhor
formação, mais e melhores oportunidades de aprendizado, tende a ser mais
cobrado. Todas as minhas dúvidas na escolha da carreira existiram
principalmente pelo medo de desagradar e de decepcionar àqueles que eu
mais
queria deixar orgulhosos. Mas foi dentro de casa também que aprendi que
deveria viver a minha vida e não a vida que queriam para mim (palavras
da minha mãe).
As escolhas foram feitas. Os caminhos foram duros, mas
divertidos. E é inexplicável a sensação de ter o “canudo mágico” na mão. Lembro
de ter me perguntado: “será que agora tenho super poderes?”, “será que agora
posso mudar o mundo?”
O mundo que estava (e ainda está) dentro de Rondônia, passou
a ser pequeno. É a hora de descobrir o restante dele. As misturas, culturas e falares, formaram a
pessoa que sou hoje. Viajei milhas sem sair do lugar. Agora, estou pronta para
uma nova etapa.
De acordo com uma lenda da minha região, quem bebe a água do rio
Madeira, rio que banha Porto Velho, sempre volta. E eu voltarei sempre. Mas,
mais que isso, levarei comigo toda a sabedoria e as histórias contadas pelos
meus companheiros do Norte, os responsáveis por uma das mais lindas tramas do nosso país.
Espero absorver todo o conhecimento e as novas experiências
que vêm pela frente, porque, no final das contas, acredito que o que vale mesmo
são as viagens que a vida nos proporciona, com tudo que elas podem nos ofertar. As
bagagens estão prontas e, por mim, podemos partir imediatamente.”