Ao receber, na cara, uma descarga de um caminhão velho*, agora cedo, lembrei-me de um episódio havido e passado no Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa (MG), quando eu servia à FAB. Eram os anos 1970 (entre 1977 e 79, não sei precisar).
Eu estava no hall do prédio de comando, onde trabalhava, e cantarolava “Cálice”, do Chico Buarque e Gilberto Gil, que fazia sucesso nas vozes de Chico e Milton Nascimento. Nisso passa por mim o tenente Cruz, da Infantaria, que me advertiu:
– O que você está cantando? Esta música é subversiva!
– Mas tenente, foi Jesus Cristo quem disse quando estava morrendo…
– Não pondere! Esta música é proibida aqui dentro [do quartel]!
– Sim, senhor. Desculpe.
Fiquei sorrindo por dentro. Era um subversivo e continuo sendo.
* Em um verso da música “Cálice”, diz-lá: “(…) Quero cheirar fumaça de óleo diesel (CALE-SE!) (…)”, aí a associação de ideias díspares…
07 de junho de 2013