A Fatinha foi embora na semana passada. Restam boas recordações. Vou contar duas.
O ano era 1998. Estávamos na Secretaria de Comunicação e a Fátima Alves foi à minha sala pedir para chegar atrasada no dia seguinte.
– Preciso fazer uns exames.
– Sem problemas. Como vai chamar?
– Quem, homem?
– O bebê. Você está grávida.
– Deus me livre! E bateu na madeira da mesa, falou um ‘T’sconjuro’ e saiu rindo e falando que eu era doido.
Na hora do almoço fui a uma loja que vendia artigos infantis e comprei um par de sapatinhos de tricô verdes, pedi para embrulhar para presente e guardei na gaveta.
Dois dias depois a Fatinha chegou com a carinha meio triste e falou:
– Você acertou. Estou grávida.
Levantei para dar os parabéns e entreguei o presente.
– Meu bichinho, você é fogo.
Outra.
A equipe da Secom foi cobrir a agenda do governador em Alvorada do Oeste (a 466 km da capital). Após o evento, passou na feira para comprar feijão, farinha e outras coisas. A Fatinha comprou uma galinha viva e a colocou na carroceria da caminhonete. Com medo que a ave fugisse, a colocaram embaixo de uma bacia, comprada por outro colega. E a viagem prosseguiu, parando em Médici, Ji-Paraná, Ariquemes e… Itapoã. Aí lembraram da galinha, que estava desde cedo embaixo da bacia sem água e sob um sol escaldante.
Como não poderia deixar de ser, a galinha já estava desfalecida e quase cozida. Abriram-lhe o bico e jogaram água; fizeram ‘simpatia’: colocaram a galinha de novo embaixo da bacia e deram três batidinhas no fundo. Nada. Entre risos e a frustração da Fatinha por perder o dinheiro e o almoço do dia seguinte, a galinha morta precocemente foi deixada em uma lata de lixo do posto de gasolina.
Esta história rendeu várias versões, mas esta é a que mais se aproxima da verdadeira. (Foto Ney Lopes/Arte Allan Lima)