Cansado da agitação da vida urbana, Celso larga o emprego, compra um pedaço de terra no Amazonas e se muda para lá. Ele vê o carteiro uma vez por semana e vai à mercearia uma vez por mês. No mais, é paz e tranqüilidade. Seis meses depois, em dezembro, alguém bate na porta. Celso abre e vê um homem barbudo, enorme, alto e fortíssimo, com vozeirão de trovão, que diz:
– Meu nome é Chicão, seu vizinho, a 7 léguas daqui. Festa de Natal lá em casa, sexta-feira. Começa às cinco.
Celso se entusiasma:
– Ótimo! Depois de seis meses por aqui, na solidão, nada melhor que isso. Muito obrigado, vou sim, com certeza!!
Chicão começa a ir embora, pára e diz:
– Seguinte: vai rolar bebida.
– Sem problema. Eu topo. Até levo alguma para reforçar…
Novamente Chicão começa a ir embora, mas pára e diz:
– Olha, também pode ter briga…
– Sem problema, eu me dou bem nesses lugares. Não reparo nada… Mais uma vez obrigado! – diz Celso lisojeado pela preocupação e cuidado do dono da casa…
Chicão continua:
– E pode ter sexo meio selvagem… meio animal… cê entende né?.
– Também não é problema. Eu estou aqui faz 6 meses. Mais um motivo para ir – diz Celso animadíssimo e assanhado
– E, aproveitando, me diz uma coisa: qual é o traje?
Chicão responde singelamente com seu vozeirão:
– Cê que sabe. É só nós dois mesmo…
07 de abril de 2009