Fomos visitar minha cidade natal, Teófilo Otoni, após 59 anos da última vez que lá estive. Eu queria rever, ou melhor, tentar reconhecer o que era o meu mundinho, desde quando me entendi por gente até os oito anos quando a minha família mudou para a capital.
O que eu chamo de “mundinho” era o miolinho do centro da cidade onde minha avó morava e eu passava o dia enquanto meus pais trabalhavam na Estrada de Ferro Bahia-Minas. O meu universo era composto pela rua Dr. Reinaldo, entre a praça Tiradentes e a rua Teodorico Tourinho, com incursões à Catedral e à própria praça onde moravam duas preguiças. Fora isso, eu ficava sentado na porta da casa ouvindo a minha tia-avó que, da janela, conversava sobre política local e nacional com os conhecidos dela. Depois que aprendi a ler, me perdia em edições antigas das revistas Cruzeiro, Manchete, Fatos & Fotos e Seleções.
A minha família morava em casas de aluguel quase todas localizadas no Morro do Cemitério – um lugar estratégico, que ficava perto das casas das avós maternas e paternas e do emprego dos pais. Não guardei na memória a imagem das casas, por isso não perdi tempo procurando por elas.
Procurando referências
Entre recordações descobertas, vi que algumas coisas continuam como eram. Os taxistas – mais o mototaxistas – fazem ponto em um lado ponta da praça, que naquele tempo se chamava “praça dos Chaufferes” (chôfé, em teófilotonês). O atual prédio da Câmara (que foi o Fórum) e o do Correios continuam imponentes ao lado da praça. A antiga cadeia pública, também na praça principal, cedeu lugar a uma farmácia enorme. Quando nos mudamos, em 1964, os presos já não ficavam no prédio antigo, que foi demolido depois.
A Igreja Matriz não mudou nada, só o entorno dela. Sumiram as palmeiras e outras árvores (deram lugar a casas e a um estacionamento). Já o Hospital Santa Rosália, onde me levaram para despedir de mãe (graças a Deus foi alarme falso), eu não reconheci. O casarão colonial térreo deu lugar a um prédio muito feio.
As novidades
Consciente de que não conhecia a cidade, tive o cuidado de, antes de irmos, consultar os conterrâneos que participam do grupo Cidade de Teófilo Otoni -MG no Facebook, e pedir dicas do que visitar. Anotei as sugestões oferecidas e aproveitamos a maioria: compramos requeijão no Mercado Público, almoçamos carne de sol com macaxeira no restaurante da feira coberta do bairro Bela Vista, jantamos no hipermercado Tia Teca, nos banhamos na cachoeira da Pedra D’Água, em Mucuri, e batemos perna pela cidade e arredores.
Como haviam avisado, a cidade está carecendo de cuidados, uma operação tapa-buracos nas ruas e avenidas e uma boa capina nas praças seriam bem-vindos.
Agradeço aos conterrâneos que deram as sugestões e, em especial à vereadora Vânia Resende e aos assessores dela Patrícia e Márcio, que me receberam no gabinete, entregaram exemplares do livro “Os rumos de uma Filadélfia mineira” e deram mais sugestões de passeio. Muito obrigado a todos.
Abaixo algumas fotos que trouxemos como recordação. Depois posto mais contando a viagem e a nossa visita ao “interior” de Teófilo Otoni.