No período em que trabalhei nos Correios (1972-1976), tive um colega que contou-me um sonho curioso. Ele acordava de madrugada, ia à cozinha beber água, e encontrava um morcego chupando um saquinho de leite. Rimos bastante, e eu falei que aquele sonho podia se transformar em uma peça teatral infantil e até dei o nome: “O vampiro que era alérgico a sangue”. Muito tempo depois escrevi um micro-conto sobre o tema, mas o texto continua aqui na gaveta, agora virtual.
Lendo as notícias de hoje da agência portuguesa Zap Aeiou, encontro lá: “O Drácula da vida real pode ter sido vegano”! Ops! Já ouvi essa conversa antes.
A matéria – originalmente publicada no portal científico IFLScience – informa que um grupo de pesquisadores ao analisar três cartas enviadas por Vlad Drakul Bassarab, rei Valáquia, ao governador Thomas Altemberger, administrador da cidade de Sibiu, encontrou sinais que o “futuro” Conde Drácula gostava de vegetais.
Nos documentos analisados, os cientistas encontraram peptídeos relacionados a proteínas envolvidas com distúrbios genéticos (há uma lenda que Vlad chorava “lágrimas de sangue”, uma doença chamada hemolacría). A outra surpresa foi que “a pesquisa não encontrou vestígios de proteínas de alimentos de origem animal, indicando que Vlad pode ter subsistido [a carne] numa dieta à base de plantas”.
Incrível, um cara a quem é atribuída a responsabilidade pelo massacre entre 40.000 e 100.000 pessoas e que gerou a lenda do vampiro Conde Drácula, era mais da alface e do brócolis que da picanha. Uma carótida estufadinha de sangue, então, nem pensar…
Como diz a jornalista Mariliz Pereira Jorge (Folha S. Paulo e Canal Meio), “de tédio a gente não morre!” E não morre mesmo.