22 de abril de 2023

Bate e volta ao Espírito Santo

Por José Carlos Sá

Fizemos uma viagem rápida ao Espírito Santo, conciliando duas coisas importantes e indissossiáveis: promoção da empresa aérea e as férias da Marcela. Selecionamos alguns passeios turísticos indispensáveis e improvisamos o restante. Passeamos por Vitória, Vila Velha e Guarapari e passamos por Ibiraçu, Aracruz e Serra.

Guarapari foi, para nós, o destaque positivo do passeio. Cidade bonita, limpa e pessoas corteses. Nosso objetivo era a praia Areia Preta, no centro da cidade. Ao chegar lá vimos que ficava perto de outras duas praias, das Castanheiras e dos Namorados. Visitamos todas, mas para entrar no mar, optamos pela última, por estar mais vazia e ter águas calmas.

Destino preferido pelos mineiros, fato que eu ouvia como uma gozação. Por tudo que vi e vivi na nossa breve estada, fica justificada a escolha dos meus conterrâneos.

Areia monazítica

Depois fomos em busca da famosa moqueca capixaba, os viajantes indicaram o restaurante Gaeta, na praia de Meaípe, distante nove quilômetros. Meaípe é uma antiga vila de pescadores e se destacou por causa das areias pretas de sua praia, que têm propriedades medicinais. Atualmente  o governo do estado está realizando obras para “engordar” a faixa de areia, que hoje é bem estreita.

No restaurante fomos atendidos pelo garçom Pedro Xavier Loiola, muito atencioso e gentil e que se mostrou muito paciente em responder nossas perguntas a cerca do lugar. Curioso eu perguntei sobre a areia monazítica, assunto que eu vi em notícias na imprensa mineira na década de 1970. Ele falou que muitas pessoas iam lá em busca de melhorar de alguma doença.

Na hora me lembrei de uma história que circulou em Belo Horizonte, de que estavam contrabandeando as areias da região para fazer uma bomba atômica. Seu Pedro riu e comentou: “Teve isso também”. Eu quiz saber se ainda hoje há exploração da areia monazítica. “Não, foi proibida!” Por que, quis saber. “Se não parasse, hoje não teria mais nada aqui. Tinham acabado com a gente”.

O lugar é dominado por uma capela dedicada à Sant’Ana (mãe de Maria e avó de Jesus), que fica no alto de uma colina, ao lado de um casarão destinado a eventos. Infelizmente, estava fechada e não deu para fazer fotos boas da igreja. Soubemos que a capela foi construída pelos jesuítas – era rota do padre Anchieta – em 1619, mas não há confirmação documental desta data. Oficialmente o prédio foi erguido em 1892.

Lenda da Sereia

Um pouco abaixo da capela há um espaço gramado com a imagem de uma sereia e placas indicando ser ali a praça da Sereia. O local era antes da intervenção dos moradores um lixão e agora é mais um atrativo do bairro.

A lenda conta que houve o naufrágio de um navio holandês perto da costa do atual Espírito Santo. Os sobreviventes nadaram até a praia e foram recebidos pelos índios Goitacás, que habitavam a região. Os marinheiros, recebidos como “deuses do oceano”, ficaram pela aldeia e se casaram com as mulheres da tribo, exceto um, que queria voltar para sua terra e ficava andando pela praia tentando ver algum navio passar.

Navio ele não viu, mas avistou uma mulher nadando no mar. De onde estava, o holandês ouvia que a mulher cantava maravilhosamente. Curioso, permaneceu ali para descobriur quem era a mulher. No dia seguinte, quando ela apareceu de novo, ele se atirou na água para ir ao encontro da visagem, mas foi transformado em pedra pela Mãe D’Água, que não queria contato da sereia com o humano. Em resumo, a história é essa. Cada uma das versões que encontrei mantêm estes elementos, mas levam para outras conclusões. Em uma das narratições, a sereia se tornouo humana e pediu ajuda ao pajé goitacá para quebrar o encantamento do holandês e viveram fellizes para sempre.

E agora algumas fotos do passeio

Palácio Anchieta, sede do governo do Espírito Santo. Como recordação, ainda guardam uma pichação de “Fora Temer” (Foto JCarlos)

Catedral metropolitana dedicada à NS da Vitória, tem estilo neoclássico e a construção foi iniciada em 1920 e concluída em 1970 (Foto JCarlos)

Galpão das paneleiras, uma das tradições culturais capixabas (Foto Marcela Ximenes)

Guarapari – ES: Praia dos Namorados, à esquerda; praia da Areia Preta, em cima e paraia das Castanheiras (Fotos Marcela Ximenes e JCarlos)

Igreja de Sant’Ana no alto da colina, em Meaípe. Pintura que inspirou a foto (Fotos JC arlos)

A sereia que encantou o holandês (Foto JCarlos)

O lema do restaurante é “moqueca é capixaba, o resto é peixada!” (Vídeo Marcela Ximenes)

Recortes de jornais e fotos sobre a exploração da areia monazítica em Meaíbe (Foto JCarlos)

Farol de Santa Luzia, em Vila Velha, “Reinando o senhor D. Pedro II, com o Barão de Cotejipe, ministro da Marinha, mandou construir este ‘pharol’ o engenheiro Zózimo Barroso. Constructores P. & W. MacClellan, Glasgow, 1870.” (Foto JCarlos)

O Grande Buda em Ibiraçu (Fotos JCarlos)

Mosteiro Zen Morro da Vargem, Ibiraçu (Foto JCarlos)

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Espírito Santo Guarapari Ibiraçu Meaípe Vila Velha Vitória 

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