Gosto muito desta data, 21 de abril, em que se lembra a morte do alferes mineiro Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que passou de boi-de-piranha (ou seria bode expiatório?) dos sonegadores de impostos à Coroa Portuguesa a herói nacional. Também lembra a inauguração de Brasília há 63 anos, por outro mineiro, o médico Juscelino Kubitschek de Oliveira, então presidente da República.
Há algum tempo se discute o papel de Tiradentes na Inconfidência Mineira, se ele foi apenas um espalhador de boatos ou queria mesmo a independência do Brasil. Não vou entrar nessa discussão. Também não vou discutir a Brasília dos políticos corruptos.
Tiradentes me remete a Ouro Preto, uma cidade deliciosa, em que você descobre coisas novas – ainda quando sendo velhas – a cada visita. Subo e desço as ladeiras do centro da cidade com uma sensação de caminhar dentro de um livro de História. As ruas calçadas com paralelepípedos (ô palavrinha!) irregulares faz com que você preste atenção a tudo, olhando para cima e para o chão. Até os tropeços numa ponta de pedra têm significado histórico ali.
Quanto à Brasília, sou apaixonado pela beleza da cidade, a harmonia entre a arquitetura e a natureza (mesmo que artificialmente integrada). Minha paixão por Brasília foi platônica por muitos anos. Amor que começou na minha infância, na fase de alfabetização. Eu folheava incontáveis vezes as revistas O Cruzeiro, Manchete e Fatos & Fotos que registravam a inauguração de Brasília, desde a escolha do lugar até o dia 21 de abril de 1960, com aquele tanto de gente vestida com fraques e cartolas em meio a uma nuvem de poeira.
Só fui pisar na cidade na década de 1990 e a paixão aumentou. Morei lá por um ano, sofri com a pressão alta e com a solidão, mas tentei conhecer pessoalmente todos os lugares que eu guardava na minha memória.
Aproveito o dia para homenagear as duas cidades, reproduzindo obras de arte de Tarsila do Amaral, uma das líderes da Semana de Arte Moderna de 1922 e um croqui do Oscar Niemeyer, arquiteto do conjunto de prédios da Capital Federal.