18 de fevereiro de 2023

O Brasil pelos brasileiros – Relatórios científicos da Comissão Rondon – A resenha de hoje

Por José Carlos Sá

Foi muito prazerosa a leitura deste livro lançado em 2016 pela Carlini & Carniato Editorial, de Cuiabá (MT), em comemoração ao sesquicentenário de nascimento do marechal Cândido Mariano Rondon.

O trabalho é uma análise das informações científicas colhidas pela Comissão Rondon e dos pesquisadores que participaram das observações e que renderam dezenas de dissertações, ensaios e palestras, além da aplicação prática destas descobertas, a partir de 1890 e engloba também a Expedição Científica Rondon-Roosevelt que ocorreu entre 1913-1914.

A obra assinada pelos professores Elizabeth Madureira Siqueira, Fernanda Quixabeira Machado e Luciwaldo Pires de Ávila, teve pesquisa em diversas instituições e demandou dois anos de digitalização de documentos e interpretação das anotações de campo dos cientistas que acompanharam Rondon em uma jornada de cerca de 500 mil quilômetros.

Índios Terena erguem mais um poste da Linha Telegráfica no interior do Brasil (Foto Relatório apresentado à Diretoria Geral dos Telegraphos e à Divisão
de Engenharia do Departamento de Guerra – construção 1907-1910/Reprodução)

Além da implantação das linhas telegráficas que permitiam as comunicações entre a capital da República, então no Rio de Janeiro, e os lugares mais afastados do país, a Comissão Rondon deixou importantes contribuiçõesem áreas como: antropologia, zoologia, mineralogia, botânica, entre muitas outras.

O livro destaca alguns dos auxiliares de Cândido Rondon. Etnólogos João Barbosa de Faria, Luiz Bueno de Horta Barbosa e José Maria da Gama Malcher; médicos e sanitaristas Orozimbo Corrêa Netto, Armando Calazans, Afrânio do Amaral, Joaquim Augusto Tanajura [depois primeiro prefeito de Santo Antônio do Madeira (MT) e primeiro prefeito de Porto Velho (AM)], Adolfo Lutz [o primeiro cientista latino-americano a estudar o Aedes aegypti, o vetor da dengue e de outras doenças correlatas; patrono da Medicina Tropical no Brasil];

Marco do Centro Geodésico da América do Sul, localizado em Cuiabá (MT), determinado pelo tenente  Renato Pereira, da Comissão Rondon (Foto JCarlos 21062015)

Entre os botânicos, destaque para Frederico Carlos Hoehne, João Geraldo Kuhlmann e Alberto José de Sampaio; zoólogos Alípio de Miranda Ribeiro, Hermann von Ihering, Adolpho Ducke, Henrique de Beaurepair Rohan Aragão; minerólogos e geólogos Alberto Betim Paes Leme, João Salustiano Lyra, Júlio Caetano Horta Barbosa, Emmanuel Silvestre do Amarante [genro de Rondon e único membro da Comissão enterrado em Porto Velho], Nicolau Bueno Horta Barbosa, Ramiro Noronha.

Rondon, em pé, é auxiliado pelo tenente Renato Pereira em medições durante as ações da Comissão (Foto acervo Ramiro Noronha/Reprodução)

Também presentes na Comissão Rondon os astrônomos Renato Barbosa Rodrigues Pereira [responsável por delimitar o Centro Geodésico da América do Sul, localizado em Cuiabá (MT)], Amílcar Armando Botelho de Magalhães. Registrando tudo, para ser possível que saíbamos hoje como foram as descobertas naqueles ermos do Brasil, os fotógrafos e cinegrafistas Luiz Thomaz Reis, Luiz Leduc, Hugo Figueiró, José Loro, Benjamin Rondon, Joaquim Rondon, Charlotte Rosenbaum e Carlos Lako.

A segunda parte do livro é dedicada a pesquisas relacionadas ao Brasil visto por estrangeiros, desde Pero Vaz de Caminha passando por Hans Staden, Alexandre Rodrigues Ferreirae à região do Mato Grosso – bem antes da separação, como fazem questão de destacar os autores –  por vários autores. Infelizmente eu só ganhei o livro e não tive acesso aos CDS que acompanham a obra, onde estão as reproduções digitalizadas dos relatórios e fotos.

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Cuiabé Marechal Rondon Mato Grosso Porto Velho prefeito Joaquim Tanajura Santo Antônio do Alto Madeira 

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