Foi muito prazerosa a leitura deste livro lançado em 2016 pela Carlini & Carniato Editorial, de Cuiabá (MT), em comemoração ao sesquicentenário de nascimento do marechal Cândido Mariano Rondon.
O trabalho é uma análise das informações científicas colhidas pela Comissão Rondon e dos pesquisadores que participaram das observações e que renderam dezenas de dissertações, ensaios e palestras, além da aplicação prática destas descobertas, a partir de 1890 e engloba também a Expedição Científica Rondon-Roosevelt que ocorreu entre 1913-1914.
A obra assinada pelos professores Elizabeth Madureira Siqueira, Fernanda Quixabeira Machado e Luciwaldo Pires de Ávila, teve pesquisa em diversas instituições e demandou dois anos de digitalização de documentos e interpretação das anotações de campo dos cientistas que acompanharam Rondon em uma jornada de cerca de 500 mil quilômetros.
Além da implantação das linhas telegráficas que permitiam as comunicações entre a capital da República, então no Rio de Janeiro, e os lugares mais afastados do país, a Comissão Rondon deixou importantes contribuiçõesem áreas como: antropologia, zoologia, mineralogia, botânica, entre muitas outras.
O livro destaca alguns dos auxiliares de Cândido Rondon. Etnólogos João Barbosa de Faria, Luiz Bueno de Horta Barbosa e José Maria da Gama Malcher; médicos e sanitaristas Orozimbo Corrêa Netto, Armando Calazans, Afrânio do Amaral, Joaquim Augusto Tanajura [depois primeiro prefeito de Santo Antônio do Madeira (MT) e primeiro prefeito de Porto Velho (AM)], Adolfo Lutz [o primeiro cientista latino-americano a estudar o Aedes aegypti, o vetor da dengue e de outras doenças correlatas; patrono da Medicina Tropical no Brasil];
Entre os botânicos, destaque para Frederico Carlos Hoehne, João Geraldo Kuhlmann e Alberto José de Sampaio; zoólogos Alípio de Miranda Ribeiro, Hermann von Ihering, Adolpho Ducke, Henrique de Beaurepair Rohan Aragão; minerólogos e geólogos Alberto Betim Paes Leme, João Salustiano Lyra, Júlio Caetano Horta Barbosa, Emmanuel Silvestre do Amarante [genro de Rondon e único membro da Comissão enterrado em Porto Velho], Nicolau Bueno Horta Barbosa, Ramiro Noronha.
Também presentes na Comissão Rondon os astrônomos Renato Barbosa Rodrigues Pereira [responsável por delimitar o Centro Geodésico da América do Sul, localizado em Cuiabá (MT)], Amílcar Armando Botelho de Magalhães. Registrando tudo, para ser possível que saíbamos hoje como foram as descobertas naqueles ermos do Brasil, os fotógrafos e cinegrafistas Luiz Thomaz Reis, Luiz Leduc, Hugo Figueiró, José Loro, Benjamin Rondon, Joaquim Rondon, Charlotte Rosenbaum e Carlos Lako.
A segunda parte do livro é dedicada a pesquisas relacionadas ao Brasil visto por estrangeiros, desde Pero Vaz de Caminha passando por Hans Staden, Alexandre Rodrigues Ferreirae à região do Mato Grosso – bem antes da separação, como fazem questão de destacar os autores – por vários autores. Infelizmente eu só ganhei o livro e não tive acesso aos CDS que acompanham a obra, onde estão as reproduções digitalizadas dos relatórios e fotos.