Meu novo celular chegou em casa marcando uma hora adiante do horário de Brasília, que é a nossa referência. Tentando resolver o problema, fui às configurações e fiz a correção da hora, quando voltava para a tela inicial, o celular adiantava uma hora. Repeti a operação umas cinco vezes e estava para desistir quando vi que o miserávi estava se baseando no horário de verão, banido há dois anos do território nacional. Ao desativar o comando “horário de verão”, resolvi o meu contratempo (sem trocadilho).
Na casa dos meus pais, sempre convivemos com despertadores – a maioria barulhentos -, mas não sei para que serviam, já que pai se levantava muito antes de soar o alarme. Naquele tempo, os equipamentos funcionavam por muitos anos, só saiam de combate se tomassem uma queda ou, acidentalmente, fossem molhados. Quando isso acontecia, quem recebia os despojos, digo, o despertador quebrado, o relógio do barulho, era o meu irmão Paulo Roberto, que ainda hoje atende pelo codinome “Paíto”.
Com os olhinhos brilhando, o menino passava na caixa de ferramentas do pai, escolhia chaves de fendas de vários tamanhos e procurava um canto tranquilo da casa para começar sua atividade predileta: desmontar paciente e metodicamente o relógio-despertador.
As dezenas (centenas?) de pequenas peças espalhadas no chão lançavam um desafio para Paíto: montar novamente o despertador e fazê-lo voltar a funcionar. Sei que, externamente, o relógio estava bonito, com a carcaça, vidro, ponteiros de horas, minutos e hora de despertar. Na parte de trás, os dispositivos de dar corda, acertar a hora e programar o despertador.
Se a ‘vítima’ voltou a funcionar normalmente, ninguém nunca pode comprovar. O que posso afirmar é que se encontravam peças de relógio pela casa, muito tempo depois da “manutenção corretiva”…