23 de janeiro de 2021

E vem do mar… – O que li no confinamento

Por José Carlos Sá

A proposta do livro E vem do Mar (Editora Lilás/2019) é interessante. Os autores traçam a evolução da alimentação na ilha de Santa Catarina, desde as priscas eras, isto é, nos últimos cinco mil anos, até os dias atuais, contextualizando historicamente cada enriquecimento da gastronomia insular.

O livro conta a evolução da culinária da ilha de Santa Catarina, de há 5.000 anos até agora

Primeiro, o homem do sambaqui, que comia os abundantes alimentos in natura, mas também conheciam o fogo; depois chegaram os Jês do sul, que introduziram a agricultura na ilha, com o plantio, entre outros, da mandioca. Eles também dominavam a cerâmica, fabricando vasilhas, que permitiam o cozimento de caldos, ensopados e mingaus. A terceira evolução culinária foi iniciada coma achegada dos índios Guarani-Carijós, que trouxeram plantas domesticadas, além de aproveitar a mandioca para preparar farinha para beijus, farofas e paçoca.

A chegada dos espanhóis foi um acidente. Em 1516, uma embarcação naufragou  próximo à ilha, quando se dirigia ao Rio da Prata. Os índios tiveram contato com anzóis, facas e machados, o que causou uma nova revolução culinária. Depois dos espanhóis outros europeus passavam por aqui para se abastecerem de água doce e foram introduzindo novas formas de preparar alimentos e trazendo sementes de frutas cítricas, principalmente. A evolução culinária não parou até os dias de hoje e este é o mote do livro, que explica com fatos históricos o que é hoje chamada culinária “Manézinha”, contestada pelos autores.

Prato preparado pelo chefe Narbal usando água do mar (Foto Antonio Husadel)

Narbal de Souza Corrêa é chefe de cozinha, pescador, mergulhador e pesquisador de arqueologia submarina. Ele fez algumas experiências de preparar alguns pratos como imaginou que eram feitos nos tempos pré-colombianos. “Não havia sal, então usei uma parte de água do mar e outra parte de água doce”, explica. Já Amílcar D’Ávila de Mello é historiador formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e ficou responsável pela contextualização das diversas etapas das mudanças que aconteceram na alimentação dos ilhéus e daqueles que aqui passaram desde 1516.

Leitura interessante. O link para o livro em PDF é este aqui: https://bit.ly/3p6t2OR