Conheço Paulo Saldanha desde quando ele era presidente do Beron, na década de 1980, no segundo mandato. Fui cobrir as férias da Mara Paraguassu e, depois, da Jeanne Machado. Fomos apresentados e depois conversamos muito pouco. Sabia da história dele, da missão assumida junto ao governador Jorge Teixeira em criar o Banco do Estado de Rondônia e implantar, logo depois, as novas agências.
Fui reencontrá-lo já empresário do ramo hoteleiro. Sempre que podemos conversamos pessoalmente ou por troca de e-mails. É um papo sempre agradável e a minha admiração pelo dr. Paulo Saldanha continua em alta. É só ver aqui. Agora, me meti a fazer uma resenha do livro “Esperança – 50 anos depois”, mas misturei tudo.
Capa de Esperança; Paulo Saldanha e eu, no café da manhã do Pakaás (Fotos JCarlos e Marcela Ximenes/2010)
“Esperança – 50 anos
depois” – Uma resenha ou viagem no tempo?
ganhei do autor, Paulo Saldanha, nosso anfitrião, o livro “Esperança – 50 anos
depois”. Li as ‘orelhas’, a apresentação, o prefácio e guardei o livro para uma
oportunidade em que pudesse ler toda a obra de uma vez, pois nestes tempos de
internet, ficamos meio que escravos de computadores, tabletes e tentações
semelhantes.
Aproveitei uma viagem, em que ficamos 13 horas em voos ou conexões,
para começar e concluir a leitura, que foi feita devagar, saboreando cada
passagem. Confesso que alternei estágios de descobertas com outros de
lembranças próprias (nem todas vividas). As tramas fictícias se emaranham com
fatos históricos, que eu já havia lido em livros de história ou biografias de
personalidades da região.
Em algumas passagens, eu sentia estar sentado no final da
passarela da trilha, construída sobre palafitas, no Pakaás, na margem do rio
Mamoré. Se ouvia os gritos das araras e periquitos e tirava os olhos das
páginas do livro, caía na minha realidade. Estava em uma sala de embarque ou em
um silencioso avião, voando na madrugada.
Entre experiências sensoriais que Paulo Saldanha transmite em
palavras, o livro conta a história de toda uma região, com a miscigenação
cultural, os perigos, o trabalho incessante dos seringueiros, o isolamento, as
pressões que os homens e mulheres sofriam em uma região inóspita e distante.
A história que permeia todo o drama inicia com o casamento de
descendente de imigrante alemão e uma descendente de imigrante italiano com uma
nordestina. Depois de muitas aventuras chegam à Amazônia, nas margens do rio
Madeira.
Paralelo à vida da família Kaufmann, o leitor viaja pelos fatos
que aconteceram na região e no mundo no período de cerca de 200 anos. Você
acompanha a exploração da floresta amazônica, com a prospecção dos rios; o
primeiro ciclo da borracha; o contrabando de sementes de seringueiras para a
Malásia; a Guerra do Acre; o Tratado de Petrópolis; o ‘crack’ (em outro
sentido, mas tão devastador quanto o atual) da Bolsa de Nova Iorque; a Primeira
e a Segunda Guerras Mundiais, a Revolução Industrial.
Alguns fatos incidentais no livro nos são bastante conhecidos,
como a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré; as escaramuças dos
seringueiros com os índios; as articulações pela criação do Território Federal
do Guaporé; fatos históricos e folclóricos de Guajará-Mirim; o coronel Aluízio
Ferreira, Dom Rey e até o Capitão Alípio.
guaporeana do Paulo Saldanha, a história de uma época e dos fatos – próximos ou
distantes – que se refletem no hoje. Era para ser uma resenha. Virou uma
crônica. Assim seja. Salve, Paulo!