Se o assunto “reportagem da Época” é o pau que rola, vamos ouvir quem tem o que falar. De Belzonte, o Lucio Barros, com a palvra:
Zé,
Li a matéria da revista Época sob o título “A cidade que não estava lá”, reproduzida no site tudorondonia.com, bem como os comentários dos leitores sobre a mesma.
Sinceramente não entendi o motivo da reação virulenta e indignada por parte dos leitores em relação às declarações de algumas pessoas citadas na reportagem e tampouco contra a matéria e a revista em si.
Fico me perguntando se a revista e as pessoas entrevistadas faltaram com a verdade e cometeram injustiça para com a cidade.
Pois bem, tenho por hábito ler diariamente os jornais eletrônicos daí de Porto Velho e constato que não faltam criticas à situação urbana da cidade, onde o transporte público não funciona, o lixo se acumula em algumas ruas, os buracos estão por toda a cidade, obras viárias estão paradas, a criminalidade é crescente, a saúde é deficitária no atendimento e por aí vai. Veja, não sou eu, que moro em Belo Horizonte, que estou dizendo é a própria imprensa de Porto Velho. Imprensa feita por gente que aí mora, trabalha, vive, cria os filhos e como legítima porta-voz da sociedade denuncia as mazelas que, em última instância, são produto da má gestão da cidade pelo poder público e da própria educação (ou falta dela) dos moradores.
Me pergunto se em Porto Velho há duas classes de cidadãos: os que podem protestar contra as deficiências da cidade e os que simplesmente têm que fechar os olhos (e a boca) sobre os problemas que enfrentam. Que tipo de direito é esse que alguns moradores acham que têm em relação aos outros? Ora, quem paga imposto tem direito a serviço público de qualidade independentemente ser ou não “minhoca”.
Na matéria há menção ao fato de a cidade ser mal arborizada (é mentira?), a rede de esgoto ser ínfima (é mentira ?), água empoçada (é mentira ?), abastecimento de água tratada insuficiente (é mentira ?), aluguéis altos (é mentira ?), preços elevados dos produtos de comércio (mentira ?). Eu conheço Porto Velho. Nasci em Porto Velho e sei que nada disso é mentira.
Então, porquê a revolta?
Admitir os problemas é o primeiro passo para solucioná-los.
Zé, ainda bem que seus conterrâneos parece que são mais tolerantes que os meus. Eles me deixam falar o que penso, mesmo criticando, e não sentem qualquer complexo de inferioridade quando assim faço.
Um forte abraço,
Lúcio Barros